Uma chacina deixou pelo menos 14 mortos na madrugada deste sábado, em Fortaleza. Um grupo armado invadiu, por volta das 0h40, uma festa que acontecia na casa noturna Forró do Gago e abriu fogo contra dezenas de pessoas que estavam no local, localizado no bairro Cajazeiras, na periferia da capital cearense. Durante a tarde, uma pessoa foi presa suspeita de participação nas mortes e um fuzil foi apreendido.
A polícia investiga se a chacina, a maior já registrada no Estado, foi motivada por um conflito entre facções criminosas rivais.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, seis das vítimas eram homens e oito, mulheres – duas delas menores de idade. Seis feridos foram levados para o hospital Instituto Dr. Jose Frota, maior centro médico de emergência de Fortaleza.
‘Evento isolado’
Em coletiva de imprensa, o secretário de Segurança, André Costa, negou que o estado tenha perdido o controle da segurança pública para as facções criminosas. E afirmou que a chacina foi um “evento isolado”. “Não há perda de controle”, declarou, acrescentando que “é uma situação criminosa, que foi organizada, que foi planejada e que veio a ser executada”. Costa comparou a situação com ataques em boates e shows em outros países, como nos Estados Unidos. Para ele, “não há motivo para pânico, para temor”.
Apesar da declaração do secretário, a chacina em Cajazeiras é a terceira registrada em Fortaleza em menos de um ano. Em junho de 2017, seis pessoas foram mortas no bairro Porto das Dunas, também em uma festa. Em novembro, outra chacina vitimou quatro adolescentes detidos, que foram retirados por criminosos do Centro Educativo Mártir Francisca.
Violência
A chacina reitera o cenário de violência que marca o Ceará. O Atlas da Violência 2017, estudo realizado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no estado do Ceará cresceu 47% entre 2010 e 2015, ano em que foram contabilizados 4.163 homicídios.
Professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, Luiz Fábio Paiva afirma que parte desse número está ligada às facções criminosas. A hegemonia do crime no estado, segundo o pesquisador, tem sido disputada por dois grupos: uma aliança formada pelo Comando Vermelho e pela Família do Norte e, de outro, um grupo local conhecido como Guardiões do Estado, que receberia o apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC). Para ele, o poder público é “completamente ineficaz no enfrentamento dessa situação”.