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Caso Henry: Justiça autoriza quebras de sigilo de Jairinho e Monique 

Reportagem de VEJA sobre patrimônio imobiliário do ex-vereador foi citada na ampliação da denúncia contra o casal pela morte da criança

Por Marina Lang Atualizado em 22 jul 2021, 20h02 - Publicado em 22 jul 2021, 17h07

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro autorizou as quebras de sigilo bancário e fiscal do ex-vereador cassado Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, de 43 anos, e da professora Monique Medeiros, de 33 anos. Os dois são acusados por homicídio triplamente qualificado e tortura do menino Henry Borel, de 4 anos, no apartamento em que os três moravam na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital. O pedido de ampliação da denúncia principal, feito pelo promotor Fábio Vieira, citou a apuração de VEJA sobre o patrimônio imobiliário do político – calculado, conservadoramente, em cerca de 8 milhões de reais. A promotoria pediu, ainda, uma indenização de 1,5 milhão de reais para o pai da criança, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, de 37 anos. De acordo com o juiz Daniel Werneck Costa, que deferiu o aditamento da denúncia, as defesas de Jairinho e de Monique não se manifestaram ou se opuseram à solicitação.  Na mesma decisão, publicada na segunda-feira, 19, o magistrado negou o pedido de liberdade do casal. 

A reportagem, que foi veiculada na edição de 7 de maio, revelou uma extensa investigação com base em registros de imóveis relacionados a Jairinho. A reportagem se deparou com um esquema de transações que sugere manobras de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro, inclusive com o uso de laranjas. Jairinho encaminhou à Justiça Eleitoral, na última votação, um total de bens avaliados em 313 705,42 reais, assim listados: um pequeno apartamento na Barra (que, estranhamente, já havia sido vendido), um carro, um consórcio de uma moto e parcos investimentos. Ao contrário do que foi declarado, no entanto, VEJA levantou dezessete imóveis ligados ao vereador, entre eles uma mansão em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio, uma cobertura dúplex recém-vendida, uma sala comercial, um flat de frente para o mar e vários terrenos. 

O aditamento, portanto, se restringe a sanar omissão da denúncia original para acrescentar o pedido de reparação de danos, em atendimento à expressa determinação legal”, escreveu o juiz na decisão. 

A reportagem de VEJA foi anexada ao pedido. De acordo com a promotoria, “conforme destacado em matérias jornalísticas, o acusado vem ocultando seu patrimônio, por meio de ‘laranjas’, o que prejudica a futura atuação processual, já que no caso em tela há possibilidade, também, de atacar esses bens escondidos. Nota-se que há clara indicação que o acusado estaria colocando, premeditadamente, obstáculos para que seus bens não sejam atingidos”, escreveu Vieira no aditamento da denúncia. O promotor acrescentou que o pedido tem a intenção de “coibir que novos atos sejam praticados pelo acusado com a intenção de dilapidar e ocultar seu patrimônio”.

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O esquema de Jairinho envolvia uma empresa chamada Plus Consultoria e Participações, da qual ele foi sócio por um tempo, até repassar sua parte à irmã, Thalita Santos. Na sociedade figura o ex-cunhado e ex-assessor dele na Câmara dos Vereadores, o advogado Daniel de Carvalho. Thalita é fisioterapeuta e mora até hoje na casa da família em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Carvalho, casado com uma irmã da ex-mulher do parlamentar, Ana Carolina Netto, é figura de confiança do clã familiar: trabalhou para o deputado estadual Coronel Jairo, pai de Jairinho, atuou como um dos coordenadores da campanha do vereador em 2020 e foi nomeado asses­sor I de seu gabinete. O parlamentar saiu da sociedade da Plus, mas não perdeu o vínculo. A reportagem teve acesso a uma procuração de 2013 em que a irmã e o ex-cunhado lhe dão plenos direitos de “assinar como se o próprio sócio fosse” e “comprar, vender, ceder, hipotecar, permutar” imóveis da empresa. “Trata-se de uma prática clássica de se ocultar patrimônio da Justiça”, diz o criminalista Augusto de Arru­da Botelho, defensor de réus graúdos da Operação Lava-Jato.

A mansão de Mangaratiba foi posta à venda por 2,4 milhões de reais logo após a morte de Henry, conforme VEJA mostrou no mês passado. A casa seguia sendo usada normalmente pelo vereador e seus parentes. Justamente ali Monique foi apresentada à família dele no último réveillon. No mesmo endereço, no ano passado, Débora Mello Saraiva — outra namorada do político que teve um filho torturado por ele — foi espancada e mordida na cabeça. Nesse dia, como declarou à polícia, Thalita estava na propriedade. A fisioterapeuta, aliás, surge como sócia, além da empresa Plus, de mais cinco firmas ativas — outra de imóveis, que também divide com o assessor Carvalho, duas de odontologia, com parentes de seu pai, e duas de vestuário, em parceria com mais um familiar. Mas a Plus, com capital social de 1,2 milhão de reais, é a joia da coroa, tendo registrados ainda em seu nome duas propriedades em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, um flat à beira-mar no Recreio dos Bandeirantes e terrenos em Guaratiba, Zona Oeste do Rio, e nos municípios de Itaboraí e Seropédica.

Já o apartamento de quatro quartos no Majestic, onde Henry foi espancado e morto, está em nome de Claudio da Silva Castro, morador do mesmo bairro de Bangu onde a família de Jairinho tem sua base política. Procurado por VEJA, Castro limitou-se a dizer: “Não temos amizade”. Tampouco mostrou algum contrato de locação do imóvel.

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