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Caso Henry: defesa de Jairinho é trocada pela quarta vez

Advogado acusa pai de vereador cassado de tê-lo pedido para intimidar juízes e promotores

Por Lucas Mathias, Sofia Cerqueira Atualizado em 30 jul 2024, 17h07 - Publicado em 22 jul 2024, 17h03
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  • A defesa do médico e vereador cassado Jairo Souza Santos, conhecido como Dr. Jairinho, foi trocada pela quarta vez desde o início das investigações, em meio à expectativa para que o caso chegue ao Tribunal do Júri. Os advogados Cláudio Dalledone e Janira Rocha deixaram o inquérito oficialmente na última semana, para dar lugar a Zanone Manuel de Oliveira Júnior e Fabiano Lopes. Preso desde abril de 2021, Jairinho tem sido representado fora da cadeia pelo seu pai, o ex-deputado estadual Coronel Jairo, e é acusado pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos, à época seu enteado, assim como a mãe do garoto, a professora Monique Medeiros.

    Permeada por discordâncias entre o réu e os advogados desde o início da investigação, a defesa de Jairinho começou de maneira conjunta com Monique, antes de ela romper e contratar outros profissionais. Foi nesse momento em que o primeiro defensor contratado, André Barreto, deixou o caso. Em seguida, participaram de sua defesa ainda Braz Sant’Anna, que saiu para a chegada de Flavia Froes, antes que a dupla Dalledone e Janira assumisse.

    No currículo de Zanone Júnior está a defesa de Adélio Bispo (o homem que esfaqueou Jair Bolsonaro às vésperas da eleição de 2018) e do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado ao lado do goleiro Bruno pela morte de Eliza Samúdio, em 2010. Fabiano Lopes, por sua vez, já havia participado extraoficialmente de outras fases dessa investigação, contribuindo na defesa de Jairinho junto com Flavia Froes em 2022, por exemplo.

    De acordo com o Coronel Jairo, a troca foi feita por um “conjunto de circunstâncias”, o que inclui “as polêmicas envolvendo o nome do Dalledone”. O advogado foi condenado, no início deste mês, a 11 anos de prisão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Juntamente com outras treze pessoas ele foi considerado culpado pelo desvio de indenizações pagas a pescadores no Paraná devido a crimes ambientais. Ele hoje recorre em liberdade, após ter seu recurso aceito pelo Tribunal de Justiça do Paraná. 

    “O motivo da dispensa é único e exclusivamente de cunho pessoal. A família entendeu que a melhor solução, devido aos deslocamentos para estudos do caso e à presença na cidade do Rio de Janeiro, seria a troca de advogados. Vale destacar que não se trata de ‘uma nova defesa’, afinal, o advogado Fabiano Lopes, que irá compor a equipe em conjunto com o Dr. Zanone Júnior, esteve presente no processo desde o início”, explica o Coronel Jairo.

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    Dalledone, por sua vez, dá outra versão sobre a saída da defesa de Jairinho. Para ele, o rompimento aconteceu porque a família do réu não teria conseguido bancar as despesas advocatícias, na casa de 1 milhão de reais, problema que seria recorrente desde que começou a atuar no caso. O advogado também afirmou que foram feitas “promessas pouco republicanas” e que não seria “usado como um advogado que bota medo em juiz e promotor”. 

    “Saí da defesa do Jairinho por questões financeiras. Seriam aproximadamente 500 mil reais para custear perícias, peritos, analistas, pareceres técnicos, assessoria de imprensa, hospedagens, alimentação e materiais destinados a realização deste júri. O valor a ser pago a título de honorários advocatícios foi estipulado também em 500 mil reais”, afirma Dalledone, que complementa: “O outro fator determinante foi a tentativa do Coronel (Jairo) em conduzir da maneira dele a defesa de Jairinho. Tivemos uma derradeira conversa, e encerramos a prestação de serviço”.

    O garote Henry Borel, de 4 anos de idade: morto enquanto estava num apartamento com a mãe e o padrasto, o ex-vereador Jairinho
    O garote Henry Borel, de 4 anos de idade: morto enquanto estava num apartamento com a mãe e o padrasto, o ex-vereador Jairinho (//Arquivo pessoal)
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    Para o engenheiro Leniel Borel, pai do menino Henry, o episódio reflete a constante “tentativa de manipular” o andamento do caso por parte da família de Jairinho.

    “Tenho lutado por quase 4 anos contra a influência política e financeira do Jairinho, Coronel Jairo e família tentando impedir a justiça pelo meu filho. Eles vêm tentando de tudo, com sua influência e advogados durante todo esse tempo no Rio de Janeiro. Já vimos a tentativa de manipular políticos, direção da Rede D’or, delegados, até aliciando meu ex-advogado Flávio Fernandes e, por último, através desta declaração do seu advogado, até a Justiça. Mas essa família não vai nos parar, vamos lutar até o fim por justiça pelo nosso Henry Borel. O júri popular precisa ser marcado urgentemente, pois já passou da hora de vermos a justiça sendo feita”, desabafa.

    Jairinho, vereador cassado pela Câmara do Rio ainda em 2021, e a ex-companheira, Monique, mãe do menino Henry, estão presos em penitenciárias fluminenses. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e crueldade), com emprego de tortura e coação de testemunha. A morte da criança aconteceu em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

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