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Busca por graduação no exterior cresce 38% entre estudantes brasileiros

Um terço dos alunos que foram estudar fora são de São Paulo; entre os países mais procurados estão Portugal e Canadá

Por Da Redação
Atualizado em 9 jun 2019, 15h02 - Publicado em 9 jun 2019, 14h41
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  • Mais de 50.000 brasileiros começaram uma graduação internacional apenas em 2018, 37,7% a mais do que em 2017, segundo dados da pesquisa Selo Belta 2019, da Associação das Agências Brasileiras de Intercâmbio (Belta), divulgada neste domingo.  Ainda segundo o levantamento, 36,6% dos universitários que foram para o exterior são de São Paulo, cerca de um em cada três estudantes.

    Uma delas, Giovanna Ballerini Ribeiro Gomes teve a certeza de querer cursar o ensino superior fora do Brasil em 2017, depois de fazer seis meses de high school no Canadá. Antes, ela já havia estudado inglês nos Estados Unidos. “Sempre foi meu sonho”, conta a estudante, agora com 18 anos.

    Os levantamentos quantitativos da Belta, integrando 75% do mercado nacional, se dividem em duas partes: a primeira com agências e a outra com estudantes.

    Na parte referente às agências, a graduação no exterior subiu três posições no ranking dos tipos de intercâmbio mais vendidos. Saiu da 7.ª, em 2016, para a 4.ª, em 2018. “Antes era um bicho de sete cabeças, hoje é mais acessível”, afirma Maura Leão, presidente da Belta.

    “Se a família quer qualidade acadêmica, pode somar o custo de uma boa faculdade e acomodação lá fora e ainda tentar uma bolsa. Aí vê que de repente consegue pagar. Antes as pessoas não faziam essa conta”, completa Maura, CEO do Yázigi Travel.

    Acessíveis à classe média

    Carla Gama, diretora-geral da Experimento Intercâmbio Cultural, ressalta que à medida em que a competição por empregos no Brasil se torna mais acirrada, cresce o interesse em especializações internacionais, afirmando que “os cursos estão mais acessíveis à classe média.”

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    “Muitas pesquisas indicam que até 2030 uma parcela relevante das profissões que conhecemos deixará de existir e, de outro lado, o mercado vem migrando suas exigências, deixando de lado apenas diplomas, para exigir habilidades”, corrobora Abdul Nasser, professor da FGV In company e do Ibmec no Rio. “As famílias perceberam que investir em educação no exterior amplia os horizontes e possibilita a formação de um networking globalizado.”

    Para Daniela Ronchetti Perkins, diretora operacional da FPP Edu-Media no Brasil – empresa organizadora das feiras EduExpo e EduCanada -, os estudantes cada vez mais consideram que uma experiência no exterior vai ajudá-los em tempos de crise. “Muitos também têm a intenção de permanecer no exterior após a graduação. O Canadá, por exemplo, dá a oportunidade de o estudante ficar no país legalmente para trabalhar na área após a conclusão do curso.”

    “Comecei a pesquisa pelos Estados Unidos, mas fazer o curso não iria ajudar a imigrar. No Canadá, essa experiência contaria para um futuro processo (de imigração)”, explica Bruno Cortez Sibella, de 34 anos, que buscava uma possibilidade de recomeçar sua vida fora do Brasil depois de ser demitido.

    Futuro incerto

    A preocupação com o futuro do Brasil também conta na expansão dos intercâmbios universitários. “O contexto político-econômico é muito mencionado por quem nos procura”, diz Laila Parada Worby, gerente da Crimson Education Brasil, empresa internacional de consultoria que trabalha com universidades de Estados Unidos e Inglaterra. “Alguns pais acreditam que esses cortes (de verba pelo governo federal) vão prejudicar muito o ensino no País”, completa.

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    “De 2017 para 2018, houve crescimento de 20% nas vendas dos pacotes de ensino superior estrangeiro. Em 2019, já podemos afirmar que temos aumento de 15%”, diz o gerente Carlos Eduardo Madeira, da recém-criada STB Universidades. Outras agências também registraram acréscimo nas vendas. Na Experimento e na CI, ficou entre 15% e 20%. O mesmo ocorre com a Canadá Intercâmbio. A empresa tem perspectiva de crescer 20% na modalidade de graduação naquele país.

    Sobre os países mais procurados, os Estados Unidos ainda estão no topo do ranking – com destaque para a área de exatas. “Eles têm cerca de 4.700 instituições de ensino superior e muitas oportunidades de bolsa”, explica Maura Leão, da Belta.

    Pré-requisitos

    Ser estudante da América Latina, ter ótimas notas no colégio e na prova de proficiência em inglês, praticar esportes, fazer trabalho voluntário, ter determinada condição socioeconômica, tudo pode contar na hora de pedir bolsa a uma instituição de ensino superior nos Estados Unidos. “Acho bem democrático o processo de bolsas no Estados Unidos. Diferentes aspectos vão agregando para o aluno obter bolsa”, explica Maura.

    De acordo com Laila Parada Worby, gerente da Crimson Education Brasil, as instituições americanas tendem a ser mais generosas com bolsas. “Segundo a Fulbright Commission, são 600 universidades americanas que oferecem bolsas de mais de 20.000 dólares para alunos internacionais”, conta. “No ano passado, 55% dos alunos atendidos pela Crimson receberam bolsa, sendo que nem todos solicitaram. A média de bolsa por aluno foi de 25.131 dólares por ano”, diz.

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    No Canadá, a política muda de uma instituição para outra, então o estudante deve escolher em qual universidade pretende estudar e entrar em contato para saber como proceder. O governo canadense também concede bolsas. Uma delas é a Elap (Programa de Futuros Líderes das Américas), que há dez anos mantém acordos com instituições latino-americanas. Entre 2009 e 2017, os brasileiros ficaram com um quarto das bolsas concedidas: 1.070.

    Já o governo português não concede bolsas a estudantes internacionais. Mas as instituições de ensino podem escolher dar algum apoio financeiro, apesar de nunca cobrir o valor integral.

    Maura Leão ressalta a importância de prestar a atenção às datas de inscrição. “O pedido de bolsa às vezes é em janeiro, mas as aulas vão começar só em setembro.” Na França, por exemplo, as candidaturas para universidades públicas, realizadas pelo Campus France Brasil, costumam ir do meio de novembro até janeiro.

    Mesmo idioma

    Uma via alternativa e sem a barreira da linguagem, Portugal também ganhou a atenção dos estudantes brasileiros. Do ano letivo 2017/18 para o 2018/19, a alta na venda de cursos para o país foi de 32%, segundo a Direção Geral de Estatísticas da Educação e da Ciência, que não dispõe do total só em cursos de graduação.

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    “Mas a maioria, cerca de 70%, é para graduação”, estima Cristiane Lazoti, diretora e fundadora da EduPortugal, entidade privada que capta alunos do Brasil para cerca de 40 instituições lusas de ensino superior.

    Entre os principais pontos de atração do país estão o idioma, a cultura, a aceitação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ingresso de algumas universidades e os bons preços das anuidades, como destaca Tomás Furtado de Souza, de 20 anos, aluno de Gastronomia no Politécnico de Coimbra desde 2018.

    “Minha primeira opção era o Canadá, mas os custos eram elevados”, conta o jovem. “Gastaria mais ou menos o equivalente a R$ 100 mil por ano só com universidade.” Pela graduação em Portugal, o aluno paga R$ 11 mil anuais.

    Países onde o idioma oficial não é nem o português nem o inglês, como Alemanha, Holanda e França, também têm ganhado a procura de brasileiros, sobretudo via cursos na língua inglesa, com valores mais em conta. “Nunca me imaginei na Holanda, mas enviei currículo e me aceitaram”, relata a paulistana Amanda Raith, de 18 anos, que começa neste ano na reconhecida University of Twente.

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    (com Estadão Conteúdo)

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