O Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta terça-feira, 29, o bicheiro Rogério Andrade, um dos maiores contraventores do estado. Ele foi alvo de nova denúncia pela morte de Fernando de Miranda Iggnacio, executado em novembro de 2020 no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste carioca.
A ação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência, ambos do MPRJ. Além de Andrade, também foi preso Gilmar Eneas Lisboa, também acusado de participar do crime. Conforme a decisão da 1ª Vara Criminal da Capital, Andrade será transferido para um presídio federal.
Sobrinho de Castor de Andrade, morto em 1997 e um dos responsáveis pela expansão e organização do jogo do bicho no Rio, Rogério é quem controla hoje o espólio do tio. Ele é visto como um dos líderes de uma nova cúpula na contravenção fluminense e, portanto, um dos mais poderosos contraventores. Fernando Iggnacio, por sua vez, era genro de Castor e passou a administrar parte dos negócios escusos da família, as máquinas de caça-níqueis, depois de casar com sua filha.
Após a morte de Castor, no entanto, a disputa pelo comando dos territórios, pelo domínio do bicho e pelas máquinas caça-níqueis deixou rastros de sangue e violência na família. Entre os mortos, além de Iggnacio, estão Paulo de Andrade, filho do contraventor e assassinado em 1998, e Diego, filho de Rogério Andrade, morto em um atentado contra o carro em que estava junto do pai.
Em março de 2021, Rogério já havia sido preso depois de ser denunciado também pelo MPRJ pelo mesmo crime. No entanto, tal procedimento foi trancado, em fevereiro de 2022, pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que alegou falta de provas. A decisão levou à soltura do bicheiro no mesmo ano. A nova detenção é fruto de um novo procedimento investigatório criminal apresentado pelo Ministério Público do Rio.
Na nova denúncia, Rogério vai responder como mandante pelo homicídio qualificado de Fernando Iggnacio, morto a tiros no estacionamento de um heliporto. O procedimento identificou sucessivas execuções protagonizadas pela disputa entre os dois, pelo espólio da família Andrade. Já Gilmar Eneas Lisboa é apontado como o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime. Os mandados da operação, batizada de Último Ato, foram expedidos pelo Juízo da Primeira Vara Criminal do Tribunal do Júri e foram cumpridos na residência do contraventor, na Barra da Tijuca, e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.