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Após morte de jovem, Justiça mantém helicópteros em operações no RJ

Defensoria Pública vai recorrer de decisão em ação que tenta impedir o uso dessas aeronaves como base para disparos

Por Da Redação Atualizado em 22 jun 2018, 12h34 - Publicado em 22 jun 2018, 09h08
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  • A juíza Ana Cecilia Argueso Gomes de Almeida, em exercício na 6ª Vara de Fazenda Pública do Rio, determinou que o chefe da Polícia Civil apresente em dez dias um relatório da operação realizada no complexo de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio, que resultou na morte de seis supostos traficantes e do estudante Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, atingido por um tiro no caminho da escola. No mesmo prazo, o governo deve responder sobre o plano de redução de riscos e danos em intervenções em favelas, cobrado desde junho do ano passado.

    Entretanto, a juíza negou o pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro para proibir que helicópteros sejam usados como base para disparos durante operações policiais. “Não cabe ao Poder Judiciário indicar uma determinada política de segurança pública.” Para o órgão, o uso é “temerário” e “não se tem notícia de algo assim em nenhum lugar do mundo”, afirmou o defensor público Daniel Lozoya, do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos. A Defensoria Pública anunciou que vai recorrer.

    Em nota, a Polícia Civil disse que a utilização de helicópteros “se dá para a garantia da segurança de toda a população”. “Não há registro de que alguém tenha sido atingido por tiros vindos da aeronave empregada na operação na Maré.”

    No mesmo sentido, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, voltou a defender a proposta de que as operações policiais em comunidades sejam feitas com inteligência, para evitar a perda de vidas inocentes. A declaração foi durante o velório de Marcos Vinícius. Crivella tem repetido que a tecnologia, como a dos drones, seja usada para orientar essas ações, com o intuito de reduzir os riscos para a população. “Nós precisamos de ações de inteligência que evitem a morte de inocentes”, disse Crivella.

    O fundador da organização Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, também compareceu ao velório do estudante e destacou o grande número de jovens inocentes que morrem em operações policiais no estado.

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    “De 2007 para cá, cinquenta crianças foram vítimas de balas perdidas no Estado do Rio. Nos últimos dois anos e meio, 28. Neste ano, oito. A maioria meninos e meninas pobres, moradores de favelas, que têm suas vidas interrompidas por balas perdidas em razão de tiroteios entre policiais e traficantes ou confrontos entre facções rivais. É algo inaceitável. A face mais hedionda da criminalidade no Rio de Janeiro e sintoma de grave patologia social”, disse Costa.

    Protestos

    Desde a noite de quarta-feira, foram registrados vários protestos no entorno do Complexo da Maré. Durante a madrugada, as três principais vias da cidade, Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil, chegaram a ser fechadas, com protestos e fogo em montes de lixo. Um ônibus foi incendiado.

    Na manhã desta quinta-feira, um grupo de estudantes do Colégio Operário Vicente Mariano, onde Marcos Vinícius estudava, fez um protesto nas proximidades da Vila do João, na Linha Amarela, e foi reprimido pela Polícia Militar. Durante a manifestação, foram gravadas imagens, divulgadas pelas redes sociais, do momento em que um PM quase atinge uma estudante com um pedaço de madeira.

    (com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

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