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Após escândalo, Witzel decide exonerar secretário de Saúde do Rio

O substituto de Edmar Santos será o diretor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, Fernando Ferry

Por Cássio Bruno Atualizado em 17 Maio 2020, 19h48 - Publicado em 17 Maio 2020, 12h03
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  • O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), exonerou o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos. A notícia foi antecipada com exclusividade por VEJA. O substituto será o diretor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, Fernando Ferry. A decisão foi tomada neste domingo após o clima ficar insustentável no Palácio Guanabara. A pasta de Santos é um dos alvos da Operação Favorito, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), que investiga o empresário Mário Peixoto, maior fornecedor de mão-de-obra terceirizada da atual gestão de Witzel e também da do ex-governador Sérgio Cabral, preso em Bangu 8 pela Lava-Jato. 

    No início da noite, Wilson Witzel confirmou a informação de VEJA por meio de uma nota oficial. Segundo o governador, Edmar Santos foi demitido “por falhas na gestão de infraestrutura dos hospitais de campanha para atender as vítimas da Covid-19”. “Santos seguirá auxiliando o Estado e vai dirigir uma comissão de notáveis no enfrentamento à pandemia do coronavírus”, completou.

    Os negócios de Mário Peixoto, segundo a denúncia do MPF, ainda estão entranhados em acordos obscuros na Secretaria de Saúde, de Edmar Santos, e na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) e na Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância (Cecierj), ambas subordinadas a Leonardo Rodrigues, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação. A força-tarefa também encontrou irregularidades no Departamento de Trânsito (Detran-RJ), que tem influência de outro secretário amigo de Peixoto: Lucas Tristão, de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, e de deputados estaduais. Alvo de uma devassa da Lava-Jato em 2018, o órgão faz parte da estrutura do vice-governador Cláudio Castro (PSC).

    A força-tarefa calcula que o grupo de Mário Peixoto usurpou cerca de 700 milhões de reais dos cofres do governo estadual. Wilson Witzel está incluído num inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que apura fraude na compra de respiradores para pacientes com coronavírus.

    Em entrevista exclusiva a VEJA, o ex-subsecretário-executivo estadual de Saúde do Rio Gabriell Neves responsabilizou Edmar Santos por autorizar todos os acordos emergenciais da secretaria. Neves está preso por suspeita de comandar irregularidades em contratações de serviços sem licitação para o combate ao coronavírus. “As compras eram determinadas pelo secretário Edmar Santos ou com anuência dele. Outras pessoas também poderiam, eventualmente, demandar uma necessidade. Mas tudo era feito em consonância com o secretário. Ele avalizava o que era solicitado pelos quadros técnicos”, explicou. A prisão de Gabriell Neves faz parte da Operação Mercadores do Caos, do Ministério Público estadual e da Polícia Civil.

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    Gabriell Neves centralizava todas as compras realizadas pela secretaria estadual de Saúde. Ele começou no cargo no início de fevereiro deste ano justamente por indicação de Edmar Santos. Os dois se conheceram em 2016. Naquele ano, Neves era secretário estadual de Ciência e Tecnologia do governo Luiz Fernando Pezão, preso na Operação Lava Jato. À época, Santos ocupava a direção-geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto.

    O empresário Mário Peixoto foi preso em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do estado. A Operação Favorito é um desdobramento da Quinto de Ouro e Cadeia Velha, também etapas da Lava-Jato no Rio. O objetivo é apurar a atuação de um grupo de empresários que, por meio do pagamento de vantagens indevidas a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), deputados estaduais e outros agentes públicos, vem há pelo menos 10 anos se destacando como um dos principais fornecedores de mão-de-obra terceirizada para o governo.

    Segundo a PF, a corrupção em contratos envolvia Organizações Sociais. Houve interceptações e quebras de sigilos telefônicos. As prisões já estavam autorizadas por pelo juiz federal Marcelo Bretas desde fevereiro deste ano. No entanto, foram suspensas em razão do novo coronavírus. Desde então, foi possível colher mais provas de que o grupo também praticou crimes durante a pandemia em contratações emergenciais sem licitação e tinha interesses em negócios em hospitais de campanha em Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Campos, Casimiro de Abreu e Maracanã.

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