O advogado José Luis de Oliveira Lima deixou de defender o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). O criminalista alegou questões de “foro íntimo” ao renunciar à defesa do peemedebista. O parlamentar é réu em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) ao lado do presidente Michel Temer (PMDB), de quem foi assessor especial, e do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), em razão dos desdobramentos da delação da JBS.
Em áudio gravado por Joesley Batista, um dos donos da JBS, em reunião com Temer em março no Palácio do Jaburu, Temer indica Loures para ser seu interlocutor junto à empresa. O peemedebista afirmou, durante as gravações, que o empresário poderia tratar de qualquer assunto com o deputado.
No mês seguinte, Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil do diretor de Relações Institucionais da J&F (holding que controla a JBS), Ricardo Saud, em um restaurante de São Paulo. O parlamentar foi afastado do cargo após decisão do STF, no dia 18 de maio.
Loures é acusado de ser o destinatário de propinas semanais de R$ 500 mil em troca de influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE – o valor da propina, supostamente “em benefício de Temer”, como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.
Além de ficar sem advogado, Loures corre o risco de perder também o foro privilegiado no STF, já que ele só é deputado federal por causa da ida de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça, cargo do qual foi retirado pelo presidente no final de semana. Serraglio foi convidado para assumir o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, mas ele ainda não disse se aceita.
(Com Estadão Conteúdo)