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Advogada informal de Jairinho ameaçou mãe de Henry na prisão, diz defesa

Ela visitou Monique Medeiros sem autorização: “disse que precisava assinar documento assumindo culpa pela morte do meu filho”

Por Marina Lang Atualizado em 13 jan 2022, 12h18 - Publicado em 13 jan 2022, 03h00
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  • Não era segredo que a advogada criminalista Flávia Froés tem a intenção de protagonizar a defesa do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, réu preso e acusado por homicídio triplamente qualificado e tortura do próprio enteado, o menino Henry Borel, de apenas 4 anos, na madrugada de 8 de março do ano passado. Conforme VEJA revelou no final de outubro, Flávia Froés, que faz uma espécie de defesa informal do parlamentar cassado, mantém a ambição de suplantar a defesa constituída do político, atualmente presidida por Braz Sant’anna, no Tribunal do Júri. Ela fez questão de demonstrar a proximidade com o pai de Jairinho, o deputado estadual coronel Jairo (Solidariedade) nas redes sociais. Agora, no entanto, a advogada parece ter feito uma movimentação muito mais agressiva, diz a defesa de Monique Medeiros, também ré pelo assassinato da criança: compareceu no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Bangu (Zona Oeste do Rio), onde ela estava presa, e ameaçou a mãe de Henry “de forma velada”, segundo peticionaram seus advogados na tarde de quarta-feira, 12, dentro dos autos do processo que conduz o julgamento do político e da mãe pela morte do garotinho.

    Henry Borel, de 4 anos, junto com a mãe, Monique Medeiros: menino foi morto na madrugada de 8 de março
    Henry Borel, de 4 anos, junto com a mãe, Monique Medeiros: menino foi morto na madrugada de 8 de março (Instagram/Reprodução)

    À sua defesa, Monique relatou estar “apavorada” com a advogada informal do ex-parlamentar. “Ela disse que eu precisava assinar um documento assumindo a culpa pela morte do meu filho, e que não adianta eu tentar negar, pois, mais cedo ou mais tarde, eu terei que assumir a culpa e livrar o Jairinho”, declarou, de acordo com o documento. Em seguida, Monique teria emendado: “[Flávia disse que] Eles [o clã político de Jairinho] dariam um jeito de me transferir ou me pegar aqui dentro”. A inesperada visita de Flávia Froés a Monique teria ocorrido na última sexta-feira, 7, dentro da unidade prisional, mas a situação veio à tona quando a família da mãe de Henry esteve no presídio nesta segunda, dia em que os familiares visitam os acautelados. Anexando uma troca de e-mails da manhã do dia de ontem, a petição da defesa de Monique pediu, então, acesso ao livro de visitantes da penitenciária. À noite, Monique foi transferida para outra unidade prisional, também em Bangu. Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (Seap) alega que a mudança estava prevista desde o dia 3 de janeiro devido à mudança no “perfil de atendimento às presas provisórias”.

    Na petição, os advogados de Monique acusam Flávia Froés de fraude processual e coação no curso do processo. A VEJA, a advogada rechaçou as acusações. Prometeu, também, processar tanto Monique quanto sua equipe de defesa. “Estou entrando com processo de denunciação caluniosa contra Monique e seus advogados, pedindo a gravação de vídeo da penitenciária. Tenho contrato assinado de investigação defensiva assinado por Jairinho”, declarou, em nota. “Eles irão responder por denunciação caluniosa e danos moraes [sic] na área cível”, escreveu. Questionada sobre se ameaçou Monique, conforme a petição de seus advogados alega, não respondeu diretamente, mas usou letras maiúsculas em sua resposta: “A defesa formulada pelo trabalho EXPRESSAMENTE CONTRATADO E ASSINADO PELO PRÓPRIO JAIRINHO, Alega a inocência dele e da MONIQUE”. Procurada pela reportagem, a defesa de Monique não se manifestou em relação aos questionamentos.

    O escritório do advogado Braz Sant’anna se manifestou por meio de nota na manhã desta quinta-feira, 13. “Na condição de advogados regularmente constituídos para a defesa de Jairo Souza Santos Junior (Jairinho) nos autos dos processos criminais em trâmite na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, diante dos fatos veiculados pela imprensa, manifestamos a nossa indignação acerca da conduta praticada pela advogada Flávia Froes que, para além de antiética, caracteriza, em tese, deplorável prática delituosa”, afirma o texto. “Esclarecemos que, em razão de episódio anterior, já havíamos apresentado representação em seu desfavor perante a Ordem dos Advogados do Brasil e, a despeito de todo o ocorrido, continuamos confiantes de que Jairinho não teve qualquer participação nos fatos narrados pela defesa de Monique e certos de que tudo será devidamente apurado e esclarecido”, finalizou o comunicado.

    O vereador Dr. Jairinho, réu pela morte do menino Henry Borel, de apenas 4 anos
    O vereador Dr. Jairinho, réu pela morte do menino Henry Borel, de apenas 4 anos (Júlia Peres/CMRJ/.)
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