O deputado Guilherme Boulos (PSOL), candidato a prefeito de São Paulo, mentiu ao dizer, em debate promovido pelos veículos CBN/O Globo/Valor Econômico nesta quinta-feira, 10, que não foi ao debate promovido por VEJA, no dia 19 de agosto, porque os organizadores não deram garantias suficientes para o bom andamento do encontro.
Ao criticar a ausência do adversário Ricardo Nunes (MDB) no evento de hoje, Boulos lamentou a cadeira vazia reservada ao prefeito, que não compareceu, mas foi alertado pela jornalista Vera Magalhães que ele também havia faltado ao debate de VEJA no primeiro turno.
Não bastasse a hipocrisia de criticar a ausência do adversário quando ele mesmo já se ausentou de um debate, o candidato do PSOL decidiu mentir na cara dura: “O debate da VEJA eu não fui porque ele se sucedeu a um debate em que todas as regras foram quebradas e foi o único debate onde os organizadores não deram as garantias de evitar as condições de baixaria”.
Pura fake news de Boulos. Todas as garantias foram dadas pelos organizadores do encontro VEJA E VOTE, estabelecidas por regras apresentadas previamente às assessorias de todos os candidatos. A campanha de Boulos, por meio de seu assessor, José Jacinto do Amaral, não só confirmou a presença, como deu um “de acordo para as regras”.
Veja abaixo o e-mail trocado entre a produção do debate e a campanha de Boulos:
Boulos não foi ao debate por outro motivo: queria evitar um novo encontro com Pablo Marçal (PRTB). A estratégia foi adotada, em combinação entre os marqueteiros das campanhas de Nunes, Boulos e José Luiz Datena (PSDB), depois que o ex-coach enfileirou comportamentos polêmicos nos dois confrontos anteriores, promovidos pela TV Band e pelo jornal O Estado de S. Paulo. Neste último encontro, viralizou o momento em que Marçal mostrou uma carteira de trabalho ao postulante do PSOL, que, descontrolado, deu um tapa no documento.
As regras do debate VEJA E VOTE previam a proibição do uso de celular pelos candidatos, a filmagem e fotografia do debate pelas campanhas e a apresentação de quaisquer documentos pelos debatedores nos púlpitos, sob pena de advertência, corte do microfone e da imagem e exclusão do evento.
O espaço onde ocorreu o debate – as instalações da ESPM na Vila Mariana, em São Paulo – também fornecia todas as condições de segurança, com profissionais contratados para a organização e regras claras, como a limitação de pessoas no estúdio e circulação pelo espaço do evento (no estúdio onde ocorreu a discussão, apenas três assessores de cada candidato, impedidos de usar celular, puderam participar).
Tanto é leviano – e mentiroso – o que disse Boulos que os três candidatos que aceitaram o convite puderam debater tranquilamente, com discussões civilizadas, propostas para a cidade, sem nenhuma intercorrência de desrespeito ou falta grave. Foram ao debate os candidatos Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) e Marina Helena (Novo).
A campanha de Ricardo Nunes, a propósito, nega que a ausência do prefeito no encontro de VEJA tenha ocorrido por algum motivo parecido com o alegado por Boulos. Abaixo, segue a nota divulgada pelo estafe do prefeito após a declaração falsa dada pelo candidato do PSOL no evento CBN/O Globo/Valor Econômico.
“A campanha de Ricardo Nunes recebeu de VEJA todas as garantias de segurança e cumprimento das regras para a realização do debate no dia 19 de agosto. A nossa decisão de não participar se deu estritamente por avaliação estratégica. Lamentamos as mentiras do candidato Guilherme Boulos contra a seriedade da equipe de VEJA”, diz a assessoria da candidatura do prefeito.
Fake news
VEJA lamenta que o candidato Guilherme Boulos, o concorrente à prefeitura de São Paulo que mais reclama de fake news na campanha – e justamente, como no caso do laudo falso contra ele divulgado pelo concorrente Pablo Marçal –, tenha se valido de uma mentira para justificar a sua ausência do debate.
A respeito da mentira dita por Boulos no evento CBN/O Globo/Valor Econômico, a assessoria da campanha do PSOL, questionada por VEJA, mandou uma nota mentirosa (abaixo). É lamentável também que o candidato tenha recorrido ao truque velhaco de mentir em campanha por não conseguir assumir seus atos no passado – e isso fica mais feio ainda para um político que se exibe como um paladino da ética e um arauto de mudanças civilizatórias.
Nota da campanha de Boulos: “A posição da campanha é que o debate da VEJA, mesmo com regras escritas e acertadas pelas assessorias, também seria realizado em um espaço cuja segurança não se via plenamente garantida. Para os demais debates, em novas negociações das campanhas com as organizações, foi entendido que as garantias, como segurança e restrições de acesso e imagem, viabilizariam os debates. Reiteramos e reafirmamos nosso compromisso de participar de todos os debates e sabatinas neste segundo turno, uma vez que a discussão sobre a cidade foi prejudicada na primeira etapa do pleito”.