Na terça-feira 29, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que os volumes de óleo encontrados nas praias do Nordeste seriam semelhantes aos que vazaram no Golfo do México em 2010, em consequência de acidente com a sonda Deepwater Horizon, da inglesa British Petroleum (BP). Naquela tragédia morreram onze funcionários da petroleira e houve um vazamento de 4,9 milhões de barris de óleo, atalho para cenas de horror, sobretudo com animais enlameados.
O assustador episódio no Golfo do México pode oferecer algumas lições ao Brasil. Dois meses depois da explosão nos equipamentos da BP, o departamento de turismo do Estado de Luisiana, nos EUA, encomendou uma pesquisa para avaliar os efeitos nos negócios. Resultado: 26% das pessoas que tinham o interesse de visitar praias impactadas postergaram ou cancelaram viagens. A indústria de frutos do mar também foi severamente afetada. Metade dos consumidores acreditou que as ostras estavam impróprias para consumo, embora estudos indicassem o contrário.
Mesmo depois de quase uma década, pesquisadores afirmam que ainda há complicações biológicas nas zonas de águas profundas do oceano, nas áreas úmidas (como pântanos e mangues) e nas populações de espécies marinhas de médio e grande porte. Em decorrência do óleo que se espalhou, 167 600 tartarugas morreram contaminadas. No ano passado, a BP estimou que o vazamento custara à empresa cerca de 65 bilhões de dólares em procedimentos legais, acordos com as vítimas e fundos para limpeza e restauração. O que ocorreu no Golfo do México ainda não ocorreu no Brasil, ao menos até a quinta-feira 31: a identificação de culpados, a única forma de exigir reparações financeiras que ajudem a recuperar os prejuízos e de encontrar maneiras de evitar novas tragédias ambientais.
Publicado em VEJA de 6 de novembro de 2019, edição nº 2659