‘O Amante Duplo’: Humor mordaz do diretor François Ozon
Filme brinca com personagens: a protagonista Chloé fica dividida entre os gêmeos Paul e Louis
(L’Amant Double, França/Bélgica, 2017. Já em cartaz no país) Tensa como uma corda de violino, Chloé (Marine Vacth) procura o psicanalista Paul (Jérémie Renier): nenhum médico encontra explicação para suas dores constantes no estômago. A análise traz avanços — e também um romance intenso. Chloé tem de procurar outro profissional, e topa com Louis, o gêmeo idêntico que Paul nega existir e que tem um temperamento agressivo e sensual. Chloé está intrigada, confusa e dividida: não sabe mais dizer qual dos dois ela idealiza, e qual é o homem de que necessita verdadeiramente. Trabalhando de novo com Marine Vacth, cuja opacidade tão bem o servira já em Jovem e Bela, o diretor François Ozon encena aqui mais um de seus jogos de espelhos. Ainda que o ponto a que o filme quer chegar seja algo obscuro, o trajeto até ele preserva a fluência e o humor mordaz típicos do cineasta.