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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Renan e o “grande legado” de Bolsonaro

Senador por Alagoas agradece o presidente por destruir a Lava Jato

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 out 2020, 13h05 - Publicado em 7 out 2020, 15h58

Os eleitores de Jair Bolsonaro estão se sentindo como os personagens do livro A Revolução dos Bichos, do jornalista britânico George Orwell. Escrito como uma alegoria da ascensão do stalinismo na Revolução Russa, a novela conta como os porcos lideram uma revolta dos animais de uma fazenda contra os homens e, pouco a pouco, foram se tornando cada vez mais parecidos com seus opressores. No final, os outros animais da fazenda descobrem que os porcos estão jantando com os homens e “os bichos olhavam para um e para o outro e não conseguiam mais enxergar as diferenças”.

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Milhões de brasileiros votaram em Bolsonaro acreditando que ele significaria o fim da Velha Política, o toma-lá-dá-cá entre Palácio do Planalto e os parlamentares do Centrão que, dia menos dia, termina em escândalo. De fato, Bolsonaro começou o governo sem negociar com partidos e com o símbolo da Lava Jato, Sergio Moro, como ministro da Justiça. O teatro até os procuradores do Rio começarem a investigar as rachadinhas de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. 

Menos de dois anos depois, Bolsonaro defenestrou Moro, recriou o Ministério das Comunicações só para alojar o deputado Fabio Faria, deu ao Centrão todos os cargos de liderança no Congresso e aceitou sugestão dos notórios Arthur Lira e Ciro Nogueira para indicar o novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Kassio Nunes Marques. 

Mais sintomático: antes de divulgar o nome do escolhido, levou-o para ser sabatinado pelos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, dois símbolos das relações perigosas entre o STF e o Palácio do Planalto.

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Em Brasília, a piada é que Bolsonaro trocou a República da Lava Jato pela República da Tubaína, o refrigerante que o presidente tornou símbolo de sua amizade. Essa nova postura de Bolsonaro tem lhe rendido elogios de antigos adversários. Em entrevista à CNN, o senador Renan Calheiros, investigado por todos os lados pela Lava Jato, elogiou Bolsonaro por desmontar a operação. 

Ao jornalista William Waak, Renan Calheiros disse: 

“Acho que o Jair Bolsonaro, para além das diferenças que nós temos, ele pode deixar um grande legado para o Brasil que é o desmonte desse estado policialesco”, disse, se referindo à Lava Jato. “Ele ( Bolsonaro) já encandeou várias medidas, desde o Coaf, a questão da Receita, a nomeação do Aras para a chefia do Ministério Público, a demissão do Moro, agora a nomeação do Kassio”. Para explicar a declaração de Renan: Bolsonaro tirou o Coaf (o órgão que investiga transações bancárias suspeitas) do Ministério da Justiça, mudou o secretário da Receita Federal, nomeou Augusto Aras que interveio na Operação Lava Jato, demitiu Sergio Moro e nomeou o amigo dos deputados do Centrão para o STF. 

Para o senador por Alagoas, essas ações sinalizam “o grande legado” que Bolsonaro pode deixar para o Brasil. “Que é o desmonte desse sistema que causou muitas vítimas nos últimos anos e tentou substituir a política nacional e graças a Deus não conseguiu”. 

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Ao que William Waak, perguntou: 

“Para quem acompanha a política é difícil imaginar a eleição de Jair Bolsonaro sem a Lava Jato. O senhor está constatando que Jair Bolsonaro é hoje o principal adversário da Lava Jato?”

Renan Calheiros respondeu:

“Não estou dizendo, mas hoje ele (Bolsonaro) é um adversário – não sei por quê, mas não importa – desse estado policialesco que demonstrou que tem um projeto de poder, que queria substituir a politica nacional e que ele está ajudando a desmontar. Espero que ele continue dessa forma”.

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