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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Farinha do mesmo saco

É erro supor que a agenda do Centrão é diferente de Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 fev 2021, 17h48

A vitória acachapante de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco nas eleições para presidente da Câmara e Senado, respectivamente, rendeu uma espécie de consolo para os antibolsonaristas. Como Lira e Pacheco fazem parte do Centrão – a geleia de partidos que apoia qualquer governo em troca de emendas e cargos -, seria na ótica desses oposicionistas uma questão de tempo para que eles enquadrassem Bolsonaro com sua insaciabilidade. De uma hora para outra, políticos razoáveis passaram a ter saudades de quando Eduardo Cunha chantageava o governo Dilma Rousseff enquanto ajudava a empurrar o país para a pior recessão do século.

O problema deste raciocínio é achar que Bolsonaro e o Centrão são diferentes. São farinha do mesmo saco. Bolsonaro nasceu para a política como um sindicalista de quarteis dentro de uma miríade de legendas do que hoje se chama Centrão: PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL. Ganha uma caixa de cloroquina quem enumerar uma diferença ideológica entre esses partidos.

Nesta quarta-feira, Bolsonaro recebeu Arthur Lira e Rodrigo Pacheco para uma foto oficial e depois divulgou a lista dos projetos que o Executivo considera prioritários para serem votados na Câmara e no Senado. A lista é uma árvore de Natal para agradar os bolsonaristas do agro, dos policiais, evangélicos, caminhoneiros e mercado financeiro, ou as bancadas dos 5Bs: Boi, Bala, Bíblia, Boleia e Bovespa.

Para a bancada do Boi:

· Flexibilização do licenciamento ambiental

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· Concessões de florestas públicas para a iniciativa privada

· Regularização de terras invadidas por fazendas

· Autorização para mineração em terras indígenas

Para a bancada da Bala

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· Atenuantes para policiais e soldados que matarem em serviço

· Liberação venda, posse e porte de armas

· Aumento de pena para abuso de menores

· Transformação da pedofilia em crime hediondo

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Para a bancada da Bíblia

· Regularização da escola em casa

· Endurecimento da Lei de drogas

· Alterações no estatuto do indígena para punir infanticídio

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Para a bancada da Boleia

· Cobrança eletrônica de pedágios

· Documento único de Transportes

Para a Bancada da Bovespa:

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· Privatização da Eletrobras

· Reformas constitucionais Emergencial, Fundos Públicos e Pacto Federativo, Administrativa, Tributária

· Marcos regulatórios para petróleo, gás, ferrovias, câmbio e startups

· Teto remuneratório para servidores

· Autonomia no Banco Central

Parte desses projetos ficará pelo caminho (privatização da Eletrobras e a reforma tributária), mas é fundamental registrar que se Arthur Lira e Rodrigo Pacheco tivessem feito a lista ela incluiria quase os mesmos itens. Porque o Centrão é a confluência das bancadas da Bala, Boi e Bíblia e isso explica a sua identificação natural com o bolsonarismo.

É fato que Bolsonaro não pretende repartir seu poder com ninguém e, por isso, é factível supor que haverá conflitos na sua relação com Lira e Pacheco. Faz parte do jogo político. Os congressistas querem lotear os ministérios e Bolsonaro vai resistir não porque tenha algum impedimento moral, mas porque assim ele perde o controle de parte do governo. Imaginar, no entanto, que Bolsonaro e o Centrão são espécies diferentes é o autoengano da oposição. São iguais e devem seguir juntos até 2022.

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