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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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‘Muito obrigado’, diz ela, no masculino. E agora?

“Digo sempre ‘muito obrigado’, tanto pessoalmente como no celular. Tá correto?” (Maria Sueli) A dúvida de Maria Sueli é mais interessante do que parece: pode – ou deve – uma mulher dizer “obrigado”? Ou seria ela obrigada pela gramática a dizer “obrigada”? Bem, para adiantar a conclusão, trata-se daquilo que a tradição classifica simplesmente como […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h42 - Publicado em 6 nov 2014, 11h15

“Digo sempre ‘muito obrigado’, tanto pessoalmente como no celular. Tá correto?” (Maria Sueli)

A dúvida de Maria Sueli é mais interessante do que parece: pode – ou deve – uma mulher dizer “obrigado”? Ou seria ela obrigada pela gramática a dizer “obrigada”?

Bem, para adiantar a conclusão, trata-se daquilo que a tradição classifica simplesmente como erro. Ou seja, algo que deve ser evitado nas situações em que transgressões à norma culta possam custar caro ao falante.

Ocorre que a língua não é – e nunca foi – só tradição. Não são poucas as mulheres que, como Maria Sueli, vêm optando por agradecer no masculino. Por quê? Tratei da questão nesta coluna há quatro anos, respondendo a uma pergunta do leitor Luis Claudio Coimbra, que se dizia intrigado ao observar que “muitas mulheres, quando vão agradecer alguma coisa, dizem ‘obrigado’”.

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Não tenho por que alterar o que escrevi então, e que reproduzo abaixo:

A dúvida de Luis Claudio denota um bom ouvido. Não conheço pesquisas linguísticas que quantifiquem o fenômeno, mas minha própria experiência confirma sua impressão: acredito não serem poucas as mulheres brasileiras que, pelo menos nos últimos tempos, têm recorrido a “obrigado” – assim mesmo, no masculino – como fórmula de agradecimento.

Do ponto de vista da tradição, trata-se simplesmente de um erro, um sinal de desleixo com o idioma. A maioria dos falantes nunca parou para pensar nisso, mas o sentido de nossa mais consagrada fórmula de agradecimento é “fico-lhe obrigado”, isto é, “passo, a partir deste momento, a ser seu devedor”. Logo se vê que obrigado, aí, é um adjetivo. Naturalmente, exige que a ele se apliquem as flexões cabíveis de número e gênero: obrigada, obrigados, obrigadas.

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Acontece que esse papel de adjetivo vem se perdendo há muito tempo na palavra “obrigado” quando a empregamos com o sentido de “grato”. Hoje o termo costuma ser usado como interjeição, o que torna natural que seja compreendido como invariável.

Portanto, o que de certo ponto de vista é um erro indiscutível também pode ser encarado como uma mutação linguística em curso.

*

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