A onça do tribunal
A onça que foi flagrada circulando esta semana pelo estacionamento do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, não é a criatura mais agressiva no ecossistema dos tribunais superiores do país. No Supremo Tribunal Federal, a troca de acusações entre o ex-presidente Cezar Peluso e o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, atingiu níveis […]
A onça que foi flagrada circulando esta semana pelo estacionamento do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, não é a criatura mais agressiva no ecossistema dos tribunais superiores do país.
No Supremo Tribunal Federal, a troca de acusações entre o ex-presidente Cezar Peluso e o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, atingiu níveis inéditos de selvageria.
A palavra onça – que existe em português desde o século 15 e exibe, entre outros sentidos figurados, o de “indivíduo irritado, enfurecido” – tem exatamente a mesma origem da palavra lince: ambas são descendentes do grego lúgks.
Se os dois vocábulos acabaram por soar tão diferentes, isso se deve ao fato de que lince saiu de lúgks pelo caminho do latim lynx, enquanto onça fez um percurso mais tortuoso que inclui, pela ordem, o italiano lonza (século 13), que se acredita decalcado diretamente do grego, e o francês once. A curiosidade, aqui, é o processo que levou ao desaparecimento (chamado tecnicamente de aférese) do l inicial de lonza, que os franceses interpretaram como artigo.