Lula e Marisa denunciados: a cozinha do ‘chefe’ e a hora marcada com ‘madame’
Diálogos revelados por VEJA desmontaram versão do petista para tríplex no Guarujá e sítio em Atibaia

Em VEJA de 24 de fevereiro deste ano, reportagem revelou mensagens que desmontavam a versão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tríplex no Guarujá, alvo da primeira denúncia formalizada pela força-tarefa da Lava Jato contra o petista – e também sua mulher, Marisa Letícia, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e ex-executivos da empreiteira. Como a reportagem narrava, os investigadores localizaram no telefone do empreiteiro da OAS preso na Operação Lava-Jato diálogos em que ele discute com seus funcionários as exigências de Lula, chamado de “chefe”, e Marisa, a “madame”, nas obras de reforma do sítio em Atibaia, interior de São Paulo, e do apartamento no litoral. Alguns desses diálogos foram citados na entrevista coletiva desta quarta-feira pela força-tarefa, ao detalhar a denúncia.
Em uma das conversas reveladas por VEJA, travada em 2014, Paulo Gordilho, ex-diretor da OAS, também denunciado nesta quarta-feira, avisa a Pinheiro, então presidente da empresa, que o “projeto da cozinha do chefe” está pronto e que ele poderia marcar com a “madame” um encontro para aprovar a sugestão. Para a Polícia Federal, o “chefe” é Lula, e a “madame”, Marisa Letícia:
Paulo Gordilho – O projeto da cozinha do chefe está pronto. Se (puder) marcar com a Madame, pode ser a hora que quiser.
Léo Pinheiro – Amanhã às 19 hs. Vou confirmar. Seria bom tb ver se o do Guarujá está pronto.
Paulo Gordilho – Guarujá também está pronto.
Léo Pinheiro – Em princípio, amanhã às 19 hs.
Em reportagem de 2015, VEJA já havia relatado que foi a pedido do próprio Lula que a empreiteira de Léo Pinheiro assumira a construção do prédio no Guarujá, uma obra deixada inacabada pela Bancoop, a cooperativa ligada ao PT que faliu e deu prejuízo a mais de 3 000 mutuários. E dera atenção especial à unidade reservada para o ex-presidente, repleta de mimos.
Na edição de 7 de outubro 2015, em reportagem intitulada ‘Dinda do Guarujá’, VEJA também já havia revelado que a reforma do apartamento no Guarujá, que incluiu a instalação de um elevador privativo, foi paga pela OAS. A reportagem teve acesso a documentos e fotos da obra e informava: “Acompanhada de perto por dona Marisa, a obra não custou um centavo à família do ex-presidente. Do primeiro parafuso ao último azulejo, tudo foi pago pela OAS, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras.”