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Parabéns, Janot! Os bandidos já começaram a ser beneficiados com a sua decisão

E não pensem os “jovens turcos” do MP que os que fomos às ruas cobrar moralidade na política daremos carta branca para novos demiurgos

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h01 - Publicado em 25 ago 2016, 09h11

Léo Pinheiro, o ex-chefão da OAS, prestou depoimento ontem ao juiz Sergio Moro sobre aquele caso envolvendo o ex-senador Gim Argello, que teria feito parte de um grupo que passou a cobrar propina para a CPMI da Petrobras não convocar os empreiteiros.

E o que fez Léo? Ora, o que qualquer um faria no lugar dele, depois da decisão tomada pelo bravo procurador-geral da República, Rodrigo Janot: ficou calado.

Tudo a seu tempo. Mas posso assegurar que pelo menos um ex-capa-preta da Câmara está acendendo velas a seu capeta-da-guarda — já que anjos não se metem com essa gente. Há uma boa possibilidade de sair ileso.

Eis aí: essa já é a primeira consequência de Janot ter decretado o fim da delação premiada de Léo Pinheiro, transformando o empresário no bode expiatório de um Ministério Público que fugiu do controle. De qual controle? Do controle das regras e fundamentos da democracia.

É realmente impressionante que associações de procuradores e ao menos uma de juízes endossem a ação de Janot, falando em nome do combate à impunidade.

Em vez de botar ordem na casa, o procurador-geral da República alimenta hipóteses conspiratórias completamente destrambelhadas, como se alguém estivesse interessado em pôr fim à investigação.

O homem decreta que as informações de um dos principais empreiteiros do esquema não mais interessam. Mas seus críticos é que estariam conspirando contra a Lava Jato.

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Vamos ser claros? A frequência com que membros do MP apareciam fazendo política, em vez de se dedicar à investigação, já indicava que algo estava fora do lugar.

Fico à vontade para falar porque critiquei comportamentos destrambelhados quando o PT ainda estava no poder. Então não venham os tontos dizer que só me ocupo disso agora porque, afinal, os petralhas já caíram. Não tenho inimigos de estimação. Sou amigo é dos procedimentos do estado de direito.

De resto, quem, pelo visto, quer pôr um ponto final à apuração é Rodrigo Janot, certo? Eu estou aqui cobrando a delação de Léo Pinheiro.

Mas, pelo visto, o procurador-geral e o MP como um todo estão realmente convencidos de que já não precisam dar satisfações a ninguém. Basta-lhes tomar decisões e dizer que assim são as coisas.

Imaginem se, diante da constatação de que Júlio Camargo mentia, o sr. Janot tivesse resolvido mandar para o triturador de papéis a sua delação… Eduardo Cunha estaria hoje numa situação muito melhor.

Mas quê! Na delação em si, Camargo mentiu e disse que nunca tinha pagado propina a Cunha. Resolveu falar a verdade num depoimento a Sergio Moro, na primeira instância, o que, do ponto de vista técnico, já é uma aberração.

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Não sofreu punição nenhuma. Afinal, a Janot interessava quebrar as pernas do deputado, cujo processo andou bem mais rápido do que o de outros políticos. Ou não andou? E isso não quer dizer que o dito-cujo não mereça punição severa!

Janot tem de voltar atrás na sua decisão. Não é o dono da investigação. Ou tem de se explicar. Também não é dono da história.

Hoje, quem assa a pizza é ele. Não adianta estufar o peito e fazer ar altivo. Tem de prestar contas de seus atos, sim!

E não pensem os “jovens turcos” do MP que os que fomos às ruas cobrar moralidade na política daremos carta branca para novos demiurgos.

O que fizemos foi mandar pra casa os demiurgos, doutores! Voltem já para as leis e para a Constituição!

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