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Lula, Boulos e Stedile compareceram ao funeral, mas o PT abandonou Dilma

A Afastada também deixou de lado o partido em seu discurso; nas respostas, mais de uma vez, entreviu-se divergência com a legenda

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h59 - Publicado em 30 ago 2016, 05h20

Nem o PT compareceu ao ato final de Dilma. Alguns gatos-pingados em Brasília, outros tantos no Rio, mais uma turminha em São Paulo… E pronto! Esse é o país que se tornaria ingovernável, previam os Guilherme Boulos (MTST), João Pedro Stedile (MST) e Vagner Freitas (CUT) caso o Congresso Brasileiro ousasse exercer o seu papel. E, no entanto, Dilma deve se encontrar com o seu destino no fim da noite desta terça e começo da madrugada de quarta. E sabem o que vai acontecer? Nada! A vida continua.

As consequências positivas decorrentes da saída de governanta não se limitam a livrar o país de suas decisões nefastas, desastrosas. Elas se desdobram também no PT. O partido vive uma crise inédita. Desde a sua fundação, conhecia apenas o crescimento, mesmo nas derrotas eleitorais. Nas três vezes em que perdeu eleições presidenciais — 1989, 1994 e 1998 —, não perdeu. Na verdade, ganhou. Trata-se do trabalho de acúmulo de forças. Agora, o partido está se desmilinguindo. E isso é inédito. Deve ter o pior resultado em eleições municipais desde que se tornou uma legenda grande. Depois de vencer quatro eleições presidenciais, terá de apelar uma vez mais a Lula em 2018. O homem, diga-se, já está em campanha eleitoral.

É impressionante que Dilma não tenha conseguindo a solidariedade pra valer nem da legenda que a abrigou. Na sua carta, o partido é ignorado. Nas respostas que deu aos senadores, ficou evidente que falava apenas em seu próprio nome. Vamos ser claros? Os petistas nunca foram muito com a sua cara. Foi alguém que chegou à legenda por cima, importada do pedetismo, para cuidar da área energética do governo Lula, onde ganhou, de modo injusto, a fama de gestora competente e austera. Hoje, as áreas do Brasil que acumulam mais problemas são justamente petróleo e energia elétrica, as que estavam afeitas à sapiência divinal da governanta.

Como escrevi aqui várias vezes, Dilma sempre foi muito competente na arte de parecer competente. E sempre foi autoritária e autocrática o bastante para não prestar atenção ao que os outros tinham a dizer. Até mesmo algumas sugestões de Lula, justiça se faça, ela se negou a ouvir. Fez tudo conforme lhe pareceu bom. E deu no que deu.

A gritaria que setores de esquerda mais radicalizados fazem não têm em Dilma seu referencial. O que os mobiliza é a tese vigarista, falsa, cretina, de que um governo “progressista” foi deposto por uma conspiração de direita. É a estupidez influente entre esquerdistas que se querem intelectualizados. Não deixa de ser divertido: afinal, se os “companheiros” empreiteiros quiserem, transformam Lula, Dilma e o PT num amontoado de escombros morais. Os ídolos da esquerda do Leblon, no Rio, e da Vila Madalena, em São Paulo, estavam literalmente no bolso dos empreiteiros. Não é engraçado?

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Podem se preparar: assim que Dilma for apeada do poder e que o governo Temer começar para valer, a esquerdalha vai sair da toca. Tentará impedir as reformas a todo custo e inviabilizar qualquer mudança. Os partidos que dão suporte ao governo Temer no Congresso terão de se preparar. O PT não sabe o que fazer com a Previdência, por exemplo, a não ser aumentar o rombo. Mas vai pôr seus brucutus na rua para tentar manter tudo como está, o que nem Dilma faria se continuasse no poder.

Para onde vai a deposta? Não sei. Não parece haver espaço para ela no PT. É possível que se dedique por um bom tempo apenas à mitologia pessoal, brandindo por aí as chagas do golpe, até que se percam os fiapos de interesse que ainda desperta. A verdade insofismável é que ninguém quer saber de Dilma. Nem o seu partido.

Sua derrocada foi ainda mais espetacular e mais rápida do que a sua ascensão.

Não obstante, o que faziam lá Stedile, Boulos e Lula? Nada! Apenas compareciam ao funeral.

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