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Espetáculo armado por Dallagnol colabora com a defesa de Lula; cadê a acusação de membro de organização criminosa?

É inadmissível que procurador exiba o organograma da organização criminosa, mas não acuse o ex-presidente de ter incidido nesse tipo penal

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h51 - Publicado em 14 set 2016, 20h35

Comecemos pelo óbvio. Não sou juiz. Eu apenas acho. E acho, com base nos fatos que vieram à luz, que Lula cometeu, sim, crime de corrupção passiva no caso do apartamento de Guarujá. A acusação de lavagem me parece um pouco mais etérea. Mais importante do que isso: acho que o ex-presidente é, sim, o centro do petrolão. Eu sempre disse isso.

Afirmo há 15 anos que Lula é o epicentro das irregularidades cometidas pelo partido e seus representantes. Eu criei o termo “petralha”. Um petralha não é apenas sinônimo de ladrão. Petralha é o que se assenhoreia do dinheiro público em nome da construção de um partido, de uma ideologia, em favor de uma utopia.

Eu acredito, sim, naquele organograma apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol. O que me parece inadmissível é que uma acusação dessa gravidade tenha vindo a público apenas como suporte de uma outra acusação estupidamente menor e menos importante: a questão do apartamento.

É inadmissível que o Ministério Público arme aquela cena, sim, mas sem apresentar o tipo penal: cadê a denúncia que aponta, então, Lula como o chefe de uma organização criminosa? Se Dallagnol diz que Lula é o “general do petrolão”, e eu acho que ele é, não pode pura e simplesmente emitir uma opinião.

Um procurador investiga e oferece denúncia — ou pede abertura de inquérito. Qualquer advogado sabe que o MPF cometeu um erro grave nesta quarta-feira, talvez o maior desde o início da Lava-Jato. A defesa de Lula vai deitar e rolar. Saibam que, neste momento, os meios jurídicos estão em polvorosa. E não porque gostem da impunidade, mas porque se abriu uma vereda sem igual para Lula.

Se o MPF tem provas de que Lula é o dono do apartamento, elas não foram apresentadas — o que se tem ali são as circunstâncias. Sim, eu acho que ele é. Mas eu não sou procurador. Posso achar o que quiser. O fato é que, para aceitar ou recusar a denúncia, Sérgio Moro terá de se ancorar nos fatos.

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Ora, se Lula é o chefe da organização criminosa, que as evidências tivessem sido, então, apresentadas e a denúncia feita. A entrevista, sem a denúncia e as provas, abre o flanco para a defesa do ex-presidente fazer rigorosamente o que fez: acusar a mera perseguição.

Disse tudo isso na rádio Jovem Pan, no programa “Os Pingos nos Is”. As redes sociais enlouqueceram. Um rapaz sugeriu que o PT pôs alguma substância na minha água. Desculpem: a substância da minha água chama-se bom senso, estado de direito, prudência.

Quem colaborou com Lula nesta quarta foi Dallagnol, não eu. Todo porra-louca sempre ajuda o adversário.

Ainda que os meus detratores e os admiradores que dispenso acreditem que a minha profissão é falar mal do PT, o fato é que sou jornalista. Tenho compromisso com os fatos. Ah, claro! Faço jornalismo opinativo. Mas opino ancorado em… fatos!!! Quando se trata de vontade, desejo, utopia, sempre deixo claro.

Não adianta esperar de mim que vá babar sobre petista porque, afinal, o cara é petista.

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Os que me ouviram com os ouvidos e com a inteligência e quem me ler de maneira adequada — não com o traseiro — vão entender que não estou asseverando a inocência de Lula. Estou é acusando a heterodoxia inaceitável do Ministério Público Federal.

A defesa de Lula insiste na tese de que seu cliente está sendo vítima de um complô político. O espetáculo desta quarta ajuda a consagrar essa versão picareta, falsa.

Procurador não tem de ficar dando opinião nem de promover espetáculos. Tem de investigar e cumprir o seu papel ao fim da investigação. Procurador não pode querer ser artista de cinema nem pensador político.

Convenham: Dallagnol fez considerações até sobre o presidencialismo de coalizão. É bom que as coisas comecem a entrar nos eixos. É bom que a Lava-Jato pense bem se ele tem a devida serenidade para comandar essa fase.

Atenção! Desde que essa coisa começou, raramente se ofereceu a Lula uma chance tão boa de defesa.

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