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As UPPs do Rio, uma pesquisa da FGV e a Nossa Senhora do Óbvio

Muitos leitores me perguntam por que me meto em certos assuntos, especialmente quando estou na contramão da metafísica influente, e indagam se vale a pena brigar etc. e tal. Eu nunca me faço essa pergunta porque não escrevo uma bendita vírgula pensando no efeito que aquilo possa causar. Escrevo porque acho necessário e pronto. E […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h48 - Publicado em 12 set 2011, 07h27

Muitos leitores me perguntam por que me meto em certos assuntos, especialmente quando estou na contramão da metafísica influente, e indagam se vale a pena brigar etc. e tal. Eu nunca me faço essa pergunta porque não escrevo uma bendita vírgula pensando no efeito que aquilo possa causar. Escrevo porque acho necessário e pronto. E o faço especialmente quando noto que a lógica está sendo afrontada, pouco importa o assunto.  Não preciso ser especialista em física, química, matemática, economia ou segurança pública para detectar um raciocínio fraudulento.

Volto às UPPs do Rio, o “milagre” desses dois santos da lógica oca, chamados José Mariano Beltrame e Sérgio Cabral. O Centro de Justiça e Sociedade da Escola de Direito da FGV-Rio fez uma pesquisa com os moradores da favela Cantagalo, em Copacabana. Boa parte dos cariocas chama hoje favela de “comunidade” ou prefere substituir a palavra pelo acidente geográfico: “morro”. Daqui a pouco, só existirão favelas em outras cidades. O Rio terá extinguido as suas — será a cidade com 1.200… comunidades! Mas sigamos.

A FGV constatou — da próxima vez, podem encomendar a pesquisa pra mim, que faço aqui de casa, sem sair da cadeira… — que 70% dos moradores avaliam que a segurança melhorou com a presença da UPP! Depois da Nossa Senhora de Forma Geral, a santa de devoção de Dilma Rousseff (falo sobre sua entrevista ao Fantástico em outro post), temos a Nossa Senhora do Óbvio, padroeira da pesquisa. Imaginem se o contrário seria possível: “Para 70%, a segurança piorou…”

Ah, qual é??? A UPP significa levar uma unidade de polícia onde não havia. É claro que melhora. A questão é saber por que se chama uma ação com características de “polícia comunitária” (uma invenção que tem uns dois séculos) de “pacificadora”. Pacifica quem? Já chego lá. Por definição, a menos que o estado estivesse enviando bandidos fardados para as favelas, a segurança melhora. A pesquisa também aponta que 47% já passaram por revista policial ou tiveram alguém da família que passou. Corto o mindinho se isso não vai ser visto aqui e ali como o “lado negativo” da presença policial. Por quê? Reclamam de violência policial 29%. Isso, claro!, tem de ser apurado. Mas com cuidado. O narcotráfico,  é óbvio como o dia que sucede a noite, tem interesse em satanizar a presença policial na área.

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Agora vamos ao que interessa. É evidente que a polícia tem de estar presente nas favelas, ora essa! O estado tem de oferecer segurança onde o povo está. E, se a polícia faz direito o seu trabalho, vai ser aplaudida. O lado ruim da política de segurança do Rio, de que a instalação do posto policial é um aspecto, é deixar a bandidagem solta. Lamento: sem prender ninugém, em paz mesmo fica a bandidagem!

A FGV também fez a pesquisa na favela do Vidigal, onde não há o UPP, e o tráfico é comandado pela facção Amigo dos Amigos. A Nossa Senhora do Óbvio se fez presente: ali, a nota média da polícia foi 4,7; no Cantagalo, 6,2. Em ambas, disseram se sentir seguros mais de 50% dos entrevistados. A santinha, de todo modo, me diz que uma pesquisa num grupo dominado pelo terror do narcotráfico tende a não revelar um retrato muito fiel da realidade. Quem respondeu foi o medo.

Para encerrar: é claro que a polícia tem de chegar a todos os moradores do Rio. Se e quando acontecer, havendo um trabalho honesto, a população aprovará. Eu só não abro  mão de continuar a afirmar o que me inspira a Nossa Senhora do Óbvio: com bandidos presos, em vez de flanando pelas belezas do Rio, a população estaria mais segura — muito especialmente aquela das áreas aonde as UPPs ainda não chegaram.

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