A tática suicida de Rodrigo Maia
Leiam no post abaixo. Rodrigo Maia, presidente do DEM, aplaude o corte no Orçamento que o governo vai fazer. Ele usou este verbo mesmo: “aplaudir”. E ainda disse: “Sempre defendemos isso…” Não ficou claro quem é esse “nós”. Certamente não é o caso de um bom número de companheiros de partido. Alguém poderia dizer, com […]
Leiam no post abaixo. Rodrigo Maia, presidente do DEM, aplaude o corte no Orçamento que o governo vai fazer. Ele usou este verbo mesmo: “aplaudir”. E ainda disse: “Sempre defendemos isso…” Não ficou claro quem é esse “nós”. Certamente não é o caso de um bom número de companheiros de partido. Alguém poderia dizer, com certa ironia, que tal postura explica a inanição do DEM, né? Enquanto o partido defende “corte” no Orçamento, o PT ganhou três eleições enfiando o pé nos gastos. Que tese é essa de Maia?
O problema é outro. Que o governo vai ter de cortar a gastança, isso é consenso — ou melhor: é consensual que exista essa necessidade. Mas a um partido de oposição, quero quer, cabe ser um pouco mais incisivo e cobrador do que isso, não? Por que se chegou a esse estado? Qual foi o comportamento do governo Lula-Dilma em 2009 e 2010, preparando-se para a eleição? SE NÃO FOR A OPOSIÇÃO CRITICAR A FARRA QUE CONDUZIU A ECONOMIA A ALGUNS NÓS, QUEM PODERÁ FAZÊ-LO? Certamente não serão os partidos da base.
A fala de Rodrigo indica bem a barafunda em que está metido o DEM e explica por que o partido murchou, o que é lastimável. De candidato a ser uma sólida agremiação conservadora, tornou-se uma legenda quase nanica, dividida em dois grupos. Pior: embora Maia ainda seja o presidente do partido, vê-se que ele não fala pela legenda, mas apenas em seu próprio nome — eventualmente de seu grupelho.
Nem o senador Agripino Maia (RN), considerado candidato à presidência do partido, mais afinado com o grupo de Maia do que com o de Jorge Boanhausen e Gilberto Kassab, concorda com ele. Teria Rodrigo cansado de ser oposição? Acho que o problema é outro (post seguinte). Quando o governo anunciou o mínimo de R$ 540, todo mundo protestou: governistas, oposicionistas, centrais sindicais… Rodrigo aplaudiu, demonstrando ser um oposicionista muito sério… Bem, tudo e história, né? Eu me lembro de César Maia, então no PDT de Brizola, tentando explicar ao povo, na Cinelândia, as virtudes do plano de ajuste da economia de Zélia e Fernando Collor… Nem ela havia entendido a barafunda, mas Cesar estava a favor. O mais curioso: de algum modo, ele se alinhava com o plano de ajuste “pela esquerda”. Mais de 20 anos depois, Rodrigo parece tentar se alinhar com o petismo por um caminho que alguns chamariam “direita”. Antes como agora, parece-me, trata-se apenas de um erro colossal.