Planalto usa atritos entre Maia e Alcolumbre na ‘guerra dos vetos’
Grupo próximo ao presidente do Congresso pode sair beneficiado por jogar ao lado do Planalto
Para driblar as dificuldades no Congresso nessa discussão do orçamento impositivo, Jair Bolsonaro e seus conselheiros lançaram a campo nesta segunda uma abordagem psicológica, no melhor estilo “dividir para conquistar”.
Na conversa com Davi Alcolumbre, o presidente colocou o dedo em uma antiga ferida do chefe do Congresso ao lembrar como Rodrigo Maia, o chefe da Câmara, capturou a agenda e o protagonismo político no ano passado ao comandar a reforma da Previdência e tentar assumir a dianteira de temas importantes como a reforma tributária.
Quem conhece Alcolumbre, sabe o quanto essa “sombra” na largada de sua gestão no comando do Parlamento lhe causa desconforto. Tanto que o presidente do Senado tratou logo de replicar agendas para segurar o avanço de Maia. Na reforma tributária, por exemplo, alimentou uma proposta paralela até que a Câmara decidisse fazer um acordo para compartilhar as discussões numa comissão conjunta.
Alcolumbre, é verdade, tem um argumento a mais para se associar a Bolsonaro nessa discussão dos vetos. Se topasse derrubar a canetada de Bolsonaro, como parece ser o desejo da Câmara de Maia, ele estaria contribuindo para anabolizar os poderes dos deputados, que teriam, na figura do relator do Orçamento, o poder sobre essa montanha de dinheiro, estimada em 30 bilhões de reais.
Outro fator decisivo no jogo é que, ao erguer uma barricada governista no Senado, Davi e seus colegas serão recompensados com nacos preciosos do governo. Aqui fala o velho e bom fisiologismo dos tempos petistas. Indicações, liberações de verbas e outros agrados presidenciais não terão limites a quem ficar ao lado do Planalto. Essa é a promessa, pelo menos.
A sessão dos vetos está marcada para esta tarde. A estratégia do Planalto será vitoriosa? A conferir.