‘Força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba caminhava para perpetuação’
Na decisão que prorrogou grupo até janeiro, PGR cita 'aclimatação' de procuradores como sinal de que força-tarefa se encaminhava para virar permanente
Na decisão que prorrogou o funcionamento da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba até janeiro de 2021, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, destaca que a estrutura, que deveria ser passageira, ganhou contornos de permanência após seis anos — com procuradores estabelecendo suas vidas na capital paranaense e uma “unidade de fato” no lugar do que deveria ter duração limitada.
“O modelo, portanto, concebido para ser provisório, se desenvolve logicamente no caminho da sua perpetuação. Procuradores não lotados em Curitiba se aclimatam e transferem suas vidas e famílias para a cidade, e o acervo ascendente se mostra recusado pelos Ofícios institucionais do Ministério Público Federal no Paraná”, afirma.
Segundo Jacques, passados seis anos, “à margem da Procuradoria da República em Curitiba, definitivamente o que há são atribuições para as quais se criou uma “unidade de fato”, que, em algum momento no último lustro, deixou de ser apenas uma tarefa a que se dedicava um esforço conjunto”.
O vice-PGR nota, ainda, que o apoio, estabelecido para ser extraordinário e pontual para um caso, “se torna permanente”, o que faz surgir, segundo ele, uma “desigualdade de tratamento entre preteridos e privilegiados, centro de excelência e unidades em carência”.