Filho de desembargadora do TJBA recebeu propina em quarto de motel
Dinheiro sujo estava em uma mochila; investigadores dizem que magistrada usou técnicas de contrainteligência para mascarar pagamento
Na representação em que pediram a prisão temporária da desembargadora do TJBA Sandra Inês Russiocelli e do seu filho, o advogado Vasco Rusciolelli Azevedo, os investigadores da Operação Calvário revelam detalhes picantes de como o filho costumava proceder para receber o dinheiro sujo pago em troca das decisões judiciais vendidas pela mãe.
Vasco, como o Radar mostrou mais cedo, operou o balcão de venda de sentenças de Sandra mesmo durante a crise do coronavírus. Na semana passada, com o país começando a entrar em quarentena, ele não seguiu o conselho de ficar em casa. Em plena segunda-feira, 17, foi para a rua cometer crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de ativos, evasão de divisas, organização criminosa e tráfico de influência.
Vasco, segundo o relatório da investigação, recebeu 250.000 reais em propina paga pela decisão favorável de sua mãe dentro de uma mochila entregue para ele em seu Jaguar dentro do motel Decameron. Sim, o nome do livro homônimo de Giovanni Boccaccio, que narra histórias contadas justamente num período de confinamento.
O estabelecimento escolhido para a operação criminosa, além do nome sugestivo em tempos de coronavírus, fica a sete minutos de carro do Tribunal de Justiça baiano e logo ao lado Batalhão de Polícia Especializado em Eventos de Salvador.
O périplo do dinheiro não parou por aí: a grana, dentro da mochila, foi repassada pelo filho da desembargadora para sua namorada dentro de uma universidade. Lá, a bolsa foi jogada fora e o dinheiro levado para o apartamento de Vasco, que é, segundo conta o MPF, vizinho de porta de sua mãe e seu operador financeiro.
Os dois foram presos temporariamente nesta terça-feira, por decisão do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça.