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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O que Bolsonaro precisa aprender para não acabar como Trump

Tempo, ele ainda tem

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 18 nov 2020, 15h52 - Publicado em 17 nov 2020, 08h00

O alerta soou logo cedo no Palácio do Planalto: “o homem” estava especialmente nervoso, irritado, e o melhor, para quem pudesse, seria evitá-lo. De fato, em conversa com devotos à saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro foi logo avisando:

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– Peço, por favor, eu não quero gravar nada. Não estou passando bem hoje. Desculpa aí.

Confessou que dormira pouco, mas é o que costuma fazer na maioria das vezes, tanto mais quando algo o perturba. Bolsonaro ficou acordado até o início da madrugada enquanto a apuração de votos ainda se arrastava no Tribunal Superior Eleitoral.

Para ele, os resultados do primeiro turno das eleições municipais foram péssimos. Somente dois candidatos a prefeito indicados por ele se elegeram – e os dois de cidades do interior do Piauí e de Minas Gerais. Sabia que a conta por isso lhe seria cobrada.

Das 83 pessoas que concorreram no país tendo Bolsonaro no nome, 3 eram candidatos a prefeito, 3 a vice e 77 a vereador. Somente uma venceu – Carlos, o Zero Dois, reeleito vereador, mesmo assim com 35 mil votos a menos do que há quatro anos.

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Sensível às dores do pai, Carlos foi às redes sociais defendê-lo. Escreveu:

– Se engana quem acha que o presidente sai derrotado dessa aí. Essa narrativa vai por água abaixo. Basta você olhar o que aconteceu no Nordeste, onde o PT perdeu praticamente todas as capitais e isso não acontecia há muito tempo. Tenha certeza que isso é trabalho do presidente e de seus ministros.

Papo furado. A derrota do PT em praticamente todas as capitais se deveu à vontade dos eleitores que preferiram votar em candidatos de outros partidos. Mais racional do que Carlos, Felipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro, comentou:

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– Precisamos aprender com os nossos erros, tanto coletivos quanto individuais. Se seguirmos pensando, cada um, no erro do outro, fracassaremos. A autocrítica deve ocorrer em todos os níveis: do nível governamental, passando pelo da base, até o nível pessoal.

O autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, guru da família Bolsonaro, culpou generais e o próprio presidente pela derrota:

– O péssimo desempenho dos bolsonaristas na eleição não tem mistério: ludibriado pela conversa mole de generais-melancias, o presidente confiou demais no sucesso inevitável de sua liderança pessoal, sem perceber que ela não passava, precisamente, disso: uma liderança pessoal sem respaldo militante e incapaz, por isso, de transmitir seu prestígio a qualquer aliado.

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Até quando estava em jogo a pauta sobre costumes, tão cara a Bolsonaro, ele se deu mal. O PSOL foi o partido que elegeu o maior número de pessoas LGBTI no país, com 25%. Em segundo lugar, o PT com 22,7%, e em terceiro, o PDT, com 2,3%.

Cerca de 30 transexuais ou travestis se elegerem vereador em 22 cidades diferentes. Pela primeira vez, São Paulo terá vereadores transgêneros – dois deles entre os 10 mais votados; Curitiba, uma negra; e Porto Alegre, cinco negros, sendo quatro mulheres.

Sim, o PT encolheu. Em 2016, comandava 254 prefeituras no país. Este ano, ganhou apenas 179 até agora. Disputa o segundo turno no Recife e em Vitória. O PCdoB, que levou 80 municípios em 2016, encolheu para 46. O PDT encolheu de 331 para 311.

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Outro partido tradicional que perdeu eleitores foi o PSDB. Ganhou 785 prefeituras em 2016. Agora, 512. Os partidos de centro avançaram. O DEM passou de 266 para 459; o PSD, de 537 para 650; o PP, de 495 para 682; e o Republicanos de 103 para 208.

A eleição que terminará no próximo dia 29 deu a vitória aos bons gestores e aos políticos que não se envergonham de fazer política, o que significa conversar, atrair aliados e buscar o consenso na hora de tomar decisões. É assim que a democracia se consolida.

Se Bolsonaro for capaz de entender isso, terá chances de se reeleger em 2022. Do contrário, será expelido do poder com apenas 4 anos, como foi seu queridíssimo Donald Trump nos Estados Unidos. Lá como cá, presidente costuma se reeleger.

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