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Por Coluna
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O Itamaraty, o Barão e Dom Sebastião

Tragam o glossário

Por Maria Helena RR de Sousa
Atualizado em 30 jul 2020, 20h03 - Publicado em 4 jan 2019, 11h00

Perplexidade é a melhor palavra para definir o que senti ao ler o discurso do embaixador Ernesto Araújo por ocasião de sua posse como Ministro das Relações Exteriores do Brasil, anteontem, 2 de janeiro.

Se bem entendi, num discurso de difícil compreensão, o novo chanceler advoga que os diplomatas devem deixar de se achar acima da população e voltar a ser povo.

Fiquei impressionada com isso. Nunca achei que os diplomatas de peso, os grandes, se sentissem acima do povo. Pelo menos não os inteligentes. Não os verdadeiramente cultos. Já os pedantes, bem, esses não têm jeito. Esses se acham acima dos mortais, de qualquer modo.

Também estranhei a ênfase dada ao mote do nosso grande Barão, Ubique Patriae Memor, como se fosse um alerta, pois convivi com muitos diplomatas nos países nos quais morei, por breves temporadas, e testemunhei que todos  tinham e demonstravam ter, em qualquer ocasião, um incensado amor pelo Brasil.

Minha perplexidade advém do fato do Ministro Ernesto Araújo pedir que a diplomacia brasileira “perca o temor de se manter conectada com o povo”. Tudo bem, ministro, mas será que seu discurso, que precisa de um glossário para ser compreendido, vai ajudar a conexão do Itamaraty com o Povo? O senhor acredita nisso?

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Outra coisa que me impressionou. Ao sugerir leituras, o Ministro disse, entre outras sugestões, que é melhor ler José de Alencar que o New York Times, melhor Clarice Lispector que a Foreign Affairs. Desculpe, mas isso é, em bom português, comparar alhos com bugalhos.

Sinceramente, acho que Ernesto Araújo, jovem ainda,  e recém promovido a Ministro de 2ª classe, está apaixonado por sua carreira, e por si mesmo, e fez aquilo que condena nos outros: ficou se olhando no espelho durante muito tempo.

O que é natural. Esse é um governo que vai nos trazer muitas surpresas, entre elas ver muita gente sem experiência alguma na vida pública, cometer muitas falhas.

Querem um exemplo? A senhora Michelle Bolsonaro, bonita e elegante, estava perfeitamente bem vestida quando falou em Libras lá no Parlatório. Já no coquetel no Palácio do Itamaraty, por falta de uma orientação do Cerimonial, vestia um vestido de baile, lindo, em renda preta, que seria um sucesso num jantar de gala. Mas num coquetel às 7 da noite? Vejam a foto oficial do evento. Dona Michelle com seu longo e a senhora Ernesto Araújo com um apropriado conjunto, perfeito para o horário e para o tipo de cerimônia. Olhando a foto é difícil acreditar que as duas estivessem na mesma festa…

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Encerro com minha alegria pela volta de Dom Sebastião. Com ele certamente o Brasil renascerá, português como nasceu. Para isso valho-me da Mensagem de Fernando Pessoa:

Dom Sebastão, Rei de Portugal

Louco, sim, louco, porque quis grandeza

Qual a Sorte a não dá.

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Não coube em mim minha certeza;

Por isso onde o areal está

 

Ficou meu ser que houve, não o que há.

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Minha loucura, outros que me a tomem

Com o que nela ia.

Sem a loucura que é o homem

 

Mais que a besta sadia,

Cadáver adiado que procria?

 

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa é professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005.  

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