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O Brasil tem que parar Bolsonaro (por Mary Zaidan)

Nem em sonhos Witzel e Doria contavam com tamanho impulso vindo de tantos desatinos

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 19h03 - Publicado em 29 mar 2020, 09h00

Por insanidade, egocentrismo, cálculo político, má-fé ou tudo isso junto, na semana passada o presidente Jair Bolsonaro iniciou mais uma guerra. Disparou tiros para todo lado, alguns fatais, como o afrouxamento do isolamento social, outros nos seus próprios pés. Na tentativa de destruir desafetos, acertou a culatra ao dar palanque nacional aos governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, pré-candidatos à Presidência em 2022.

Com atuações determinadas, transparência de dados e entrevistas diárias, ambos passaram a ser vistos como dirigentes lúcidos e preocupados com a população de seus estados, em contraponto a um presidente egoísta, incapaz de perceber que a vida vale mais do que a bolsa.

Embora cuidar da saúde e costurar saídas econômicas para evitar o caos não sejam temas excludentes, o embate da semana insistiu em antagonizá-los. Com ganhos expressivos para os 24 governadores que mantiveram a decisão de obedecer às instruções da OMS de isolamento social (apenas três deles – Mato Grosso, Rondônia e Roraima voltaram atrás).

Colheram ainda o endosso da Frente Nacional de Prefeitos, que na sexta-feira enviou carta ao presidente Bolsonaro questionando as dubiedades das recomendações do governo central. Os quase 500 prefeitos de cidades onde vivem mais de 60% dos brasileiros querem saber se devem ou não suspender as restrições ao convívio social, quais as bases científicas e os instrumentos legais para fazê-lo, e se Bolsonaro assumirá o colapso do SUS depois de uma eventual suspensão do isolamento. Afirmam ainda que, a depender da resposta do governo, não restará alternativa senão recorrer à Justiça com “pedido de transferência ao presidente da República das responsabilidades cíveis e criminais pelas ações locais de saúde e suas consequências”.

A manifestação dos prefeitos caiu no Planalto no mesmo dia em que bolsonaristas comemoravam as várias carreatas realizadas em seis estados e outras programadas para este domingo, em favor da reabertura do comércio. Embora os carrões demonstrassem ser um ato de patrões, isso animou Bolsonaro a dizer que são os próprios trabalhadores que querem voltar ao trabalho. “Esse negócio de confinamento aí tem de acabar…Deixem os pais, os velhinhos, os avós em casa e vamos trabalhar.”

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Como faltou explicar ao entrevistador José Luiz Datena e ao público do popular Brasil Urgente de que maneira os mais novos podem ir trabalhar sem correr o risco de se infectar e transmitir o vírus para os pais, os velhinhos e os avós, a insensibilidade do presidente mais uma vez se escancarou.

Nem em sonhos Witzel e Doria contavam com tamanho impulso vindo de tantos desatinos.

Sem concordâncias e maioria em seu próprio governo – Bolsonaro admite que tem tentado convencer seus ministros a acabar com o isolamento social –, o presidente dobrou a aposta. Dispôs de cerca de R$ 5 milhões para contratar, sem licitação, a IComunicação, para, entre outras tarefas não explicitadas, divulgar a campanha “O Brasil não pode parar”. O vídeo, derrubado ontem pela Justiça, rodou no Instagram, YouTube, Facebook e Twitter.

Antes de virar slogan oficial contra o isolamento social, a frase já havia provocado engulhos ao ser dita pelo empresário bolsonarista Junior Durski: “O Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes”. O conceito imita a campanha #MilãoNãoPara (Milano non si ferma), lançada há um mês, quando a cidade italiana registrava 12 mortos e seu prefeito culpava o alarmismo da mídia pelo baque na economia local. Mais de 4,4 mil mortes depois, Giuseppe Sala fez seu mea culpa.

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Voz isolada no mundo, por aqui Bolsonaro metralha no sentido inverso e, como o dono do Madero, desdenha da vida: “Infelizmente algumas mortes terão. Paciência, acontece, e vamos tocar o barco”.

Nessa altura, até os que politicamente lucram com as sandices diárias do presidente concordam com a urgência: o Brasil tem que parar Bolsonaro.

 

Mary Zaidan é jornalista  

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