Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Notas dissonantes

Ministro das Relações Exteriores fez um discurso profissional e de apaziguamento. Ministro da Justiça mostrou alinhamento total com Bolsonaro

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 9 abr 2021, 10h25 - Publicado em 8 abr 2021, 14h00

Editorial de O Estado de S. Paulo (8/4/2021)

Os discursos de posse dos novos ministros das Relações Exteriores, o embaixador Carlos Alberto Franco França, e da Justiça e Segurança Pública, o delegado da Polícia Federal (PF) Anderson Torres, foram diametralmente opostos no que concerne à compreensão de qual seja o papel de suas pastas nesta quadra dramática da história nacional.

Enquanto o novo chanceler foi “simples, direto e objetivo” e indicou com seu discurso a volta da “atitude profissional da diplomacia”, como analisou o embaixador Rubens Barbosa, o novo ministro da Justiça preferiu transmitir a mensagem que o presidente Jair Bolsonaro queria ouvir, o que não raro colide com as reais necessidades do País.

“A primeira urgência (do País) é o combate à pandemia da covid-19”, disse o ministro Carlos França, deixando claro que “esta é uma tarefa que extrapola uma visão unicamente de governo”, mas que, no próprio governo, compete não só ao Ministério da Saúde, mas também ao Itamaraty.

Só o fato de o novo chanceler demonstrar ter os pés fincados no mundo real e um senso de prioridade bem calibrado já é, por si só, um enorme alívio para a Nação, que por mais de dois anos teve de suportar o sequestro da Casa de Rio Branco por um bando de alucinados que agiam sob as ordens de um obscuro ex-astrólogo, e não de acordo com os princípios que regem as relações exteriores inscritos na Constituição.

Continua após a publicidade

Carlos França corretamente reconheceu que “o momento é de urgências”, dividindo-as em três: a urgência no campo da saúde, em especial na mobilização das representações diplomáticas do Brasil nos esforços para aquisição de vacinas e insumos; a urgência da economia; e, por fim, a urgência do desenvolvimento sustentável. Música para os ouvidos de quem até outro dia tinha de aguentar a triste figura do ex-ministro Ernesto Araújo, não sem tempo retirado do cargo, depois de atacar nações parceiras, como a China, disseminar teorias conspirativas estapafúrdias e, como se não bastasse, mostrar-se orgulhoso por ter rebaixado o Brasil à condição de pária internacional.

Se o ministro das Relações Exteriores fez um discurso de apaziguamento e reorientação profissional do Itamaraty, o ministro da Justiça mostrou alinhamento total à falaciosa oposição que o presidente da República faz entre o combate à pandemia e a retomada da atividade econômica, como se uma coisa fosse dissociada da outra. No discurso de posse, Anderson Torres afirmou que “precisamos trazer de volta a economia deste país, colocar as pessoas para trabalhar”, pois, em sua visão, o Brasil precisa “girar para a gente poder sair desta pandemia”.

Anderson Torres disse ter “medo” de haver “crises maiores” do que a crise sanitária “decorrentes da fome, do desemprego e de outros problemas”, insinuando que o Brasil estaria à beira do caos social, com aumento da criminalidade, invasões de supermercados e conflitos fratricidas nas ruas de todo o País. “Nesse momento, a força da segurança pública tem que se fazer presente, garantindo a todos um ir e vir sereno e pacífico”, disse o ministro da Justiça. Foi um discurso escrito sob medida para o agrado de Jair Bolsonaro, que, dia sim e outro também, alude ao “caos” inexistente para criticar as medidas de combate à pandemia adotadas por governadores e prefeitos.

Continua após a publicidade

Não surpreende que os dois novos ministros da Esplanada tenham adotado discursos tão díspares. É sabido que a demissão de Ernesto Araújo não ocorreu por livre e espontânea vontade de Bolsonaro, mas por imposição do Centrão, que via nos desatinos do ex-chanceler um entrave para a vacinação dos brasileiros e, portanto, uma grande ameaça às pretensões eleitorais dos membros do grupo.

Já na pasta da Justiça e da Segurança Pública, ao que parece sem sofrer interferências externas, Bolsonaro pôde dar vazão à sua natureza, alçando ao cargo um delegado que parece sensível a seus interesses e de sua prole de encalacrados em inquéritos e ações judiciais.

Leia também:

  • O longo caminho do centro para definir alternativa a Lula e Bolsonaro.
  • No pior momento da pandemia, as igrejas evangélicas permanecem lotadas.
  • Covid-19: mortes e internações caem entre vacinados, aponta levantamento exclusivo.
  • Janot está na mira do Supremo, do STJ e do Tribunal de Contas da União.
  • Acusações do passado envolvem ONG administrada por Flávia Arruda.
  • O mal dentro de casa: a rotina de violência que resultou na morte de Henry.
  • Com leilão de aeroportos, governo tem sopro de renovação na área econômica.
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.