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“Gato na Tuba” e Petrobras: CVM investiga (por Vitor Hugo Soares)

Fato ruidoso

Por Vitor Hugo Soares
Atualizado em 1 mar 2021, 09h40 - Publicado em 27 fev 2021, 12h00

Eu me lembro da marchinha “Gato na Tuba” ao ler a notícia de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu o segundo processo para investigar as vultosas perdas da Petrobras – mais de CR$ 70 bilhões, em um dia, com as ações negociadas na Bovespa – depois da estranha, e eticamente condenável, atitude do presidente Jair Bolsonaro de anunciar, via Twitter, a decisão de mexer no comando da maior e importante petroleira estatal da América Latina, trocando o especialista do setor, Roberto Castelo Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna. Fato, por si só, com poder explosivo capaz de causar perdas e danos – financeiros e de confiabilidade – sem que se saiba, até agora, os reais motivos da mudança, nem para que cofres ou que bolsos foi tamanha fortuna. Razão de sobra para as suspeitas de acionistas , da imprensa e de gente, de fato, preocupada com os destinos da empresa que já foi motivo de orgulho nacional.

O fato é ruidoso e a música ajuda analisar com leveza essa história sinuosa. “Tem Gato na Tuba” é expressão popular nascida do sucesso da composição de Braguinha e Alberto Ribeiro, campeã do carnaval de 1947, na voz do cantor Nuno Roland. A letra fala dos apuros do músico Serafim que, ao tocar sua tuba na banda, percebe haver algo errado com o instrumento que, no lugar de emitir apenas sons graves produz miados. A partir daí surgiu o ditado “para significar uma situação inesperada, que oculta algo mais do que aparenta”. Neste caso que envolve a Petrobras em novo labirinto de incógnitas, desculpa do vice, Hamilton Mourão, – de que “tudo não passa de especulação diante de uma simples mudança por questão de confiança” e que “o general Silva e Luna é um camarada competente”, – é dessas em que a emenda resulta pior que o soneto. Além disso, o caso atual guarda semelhança com outro, vivido por este jornalista, nos Anos 70, quando tocava a redação da sucursal do JB na Bahia, então estado pioneiro e maior produtor de petróleo do Brasil. Tempo em que forte mesmo eram os “petroleiros”, e o governo não parecia tremer diante das buzinas de caminhoneiros, contra aumento do diesel. E pensaria duas vezes antes de vender – sem explicações à sociedade e ao Congresso – uma refinaria do porte da “Landulfo Alves” (Mataripe-BA), como aconteceu, em silêncio, há poucos dias.

De repente, naquela época, um jornal concorrente sai com um “furo” monumental: “Petrobras descobre no mar um dos maiores campos de petróleo na Bahia”. Logo uma tensão enorme chega na redação e na Bolsa. Da sede, no Rio, o editor nacional do JB, Juarez Bahia me liga: “Rapaz, que furo foi esse?” Respondi duvidar da “notícia”, mas ia ver. Tinha boas fontes na Petrobras. Uma delas, Mário Soares Lima, (meu falecido primo, ex-deputado federal e ex-presidente do potente Sindipetro/Ba): “Mário disse: vasculhei tudo na empresa e ninguém sabe dessa “descoberta”. Acho que tem gato na tuba nessa história. Juarez, refinado repórter, premiado com o Esso de Jornalismo, ouviu e desligou, depois de recomendar: “Vamos ver e apostar nessa dica do Mario Lima”. Não deu outra. Tudo ficou claro quando a Bolsa decidiu apurar suspeito movimento de compra e vendas de ações da estatal no dia “da grande descoberta de petróleo na Bahia”, e se descobriu que especuladores ganharam fortunas da noite para o dia. Mas o que tem a ver, essa troca abrupta do comando da Petrobras, com a “notícia” do passado? Perguntarão fanáticos da objetividade. Talvez nada. Talvez muita coisa. Quem sabe um gato na tuba?

 

Vitor Hugo Soares é jornalista. E-mail: vitor.h@uol.com.br

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