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As brotoejas da esquerda

Quem não se lembra da célebre fase de Leonel Brizola: “No meu governo a polícia não sobe o morro”?

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 13 mar 2018, 11h58 - Publicado em 7 mar 2018, 14h00

Segurança é um daqueles temas capazes de provocar crises alérgicas em parte da esquerda brasileira, dada a sua dificuldade histórica em abordá-lo. No poder, ou fora dele, deixou-se enredar por uma cultura permissiva focada mais na “explicação” das “causas sociais” e na preocupação com a “violência policial” do que no combate ao crime organizado propriamente dito.

Essa cultura vem de longe. Quem não se lembra da célebre fase de Leonel Brizola: “No meu governo a polícia não sobe o morro”? Nos anos 70, a esquerda vibrou com o filme “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia” inspirado num livro de José Louzeiro. O “mocinho” era chefe de uma quadrilha de assaltantes de banco, mas endeusado como “vítima da sociedade” e do “aparato policial corrupto”. Glamourizado no cinema, na vida real Lúcio Flávio colecionava 32 fugas, 73 processos e 530 inquéritos por roubo, assaltos e estelionato.

Facínoras exerceram certo charme sobre o beautiful people carioca, como se fossem Robin Hood dos morros. O resgate cinematográfico de Escadinha da prisão de Ilha Grande deixou muita gente fascinada.

Conveniente lembrar que o “boom” da Rocinha como “point” cultural e artístico do Rio de Janeiro se deu no reinado do traficante Nem, outra “vítima da sociedade”.

Assim como era moderno e descolado na esquerda Zona Sul subir o Morro de Santa Marta, nos tempos do “Abusado”, livro de Caco Barcelos que aborda questões sociais vistas pela ótica do “Poeta” (como era conhecido outro traficante famoso, o “Juliano VP”).

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Bailes funk financiados pelo tráfico são “manifestações culturais”.

E ainda hoje a moçada festiva da esquerda sobe o Morro do Vidigal para se confraternizar no famoso Bar da Laje. Passam indiferentes às casas pichadas com a inscrição CV que escancara a violenta disputa entre bandos deflagrada pela chegada do Comando Vermelho para disputar as bocas de fumo que há mais de uma década são controladas pela facção Amigos dos Amigos (ADA).

Entende-se, portanto, porque a intervenção no Rio de Janeiro deixa artistas, intelectuais e políticos de esquerda com os rostos cheios de manchas vermelhas.

A reação alérgica não se dá apenas por motivo cultural. É sobretudo ideológica. O divã ainda não levou a nossa esquerda a superar o trauma de 64. O fato de o interventor ser um militar e de o ministro interino da defesa ser um general reacendeu velhos fantasmas e preconceitos.

A esquerda jurássica já encontrou seu mote. Em vídeo, certa fina flor do mundo artístico e políticos como Marcelo Freixo, alardeiam: intervenção é farsa!

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O vídeo é uma mistura de sandices com oportunismo político. Propõe o monitoramento da ação policial pelas “lideranças da comunidade” e o combate à violência por meio do “lápis e não do fuzil”. O tráfico e a bandidagem agradecem, soltam fogos e disparam suas metralhadoras

A intervenção, claro, seria uma farsa porque, justificam, o impeachment foi golpe e o presidente Michel Temer seria ilegítimo. Na soma onde dois e dois são cinco, concluem que tudo não passa de uma jogada eleitoral.

A segurança invadiu a agenda das eleições deste ano não por maquiavelismo, embora Temer não seja Madre Tereza de Calcutá e queira tirar dividendos políticos de suas iniciativas.

O crime organizado transnacionalizou-se, o pacto federativo da Constituição de 88 não responde à nova realidade. Daí a intervenção não é uma panaceia. É um imperativo face ao desmonte, no Rio de Janeiro, do poder coercitivo de Estado.

Inescapável, os candidatos terão de incrementar seus programas diante do peso da bandeira da ordem. Nem a esquerda poderá fugir disso. Se quiser ter chance eleitoral, vai ter de tratar de suas brotoejas.

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Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo 

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