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Cuidado, Biden: Kamala, a candidata a vice, pode te engolir

Ex-promotora, preparada, bonita, com um sorriso hollywoodiano e bem falante, Kamala Harris representa um risco para o candidato idoso e vacilante

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 12 ago 2020, 10h29 - Publicado em 12 ago 2020, 08h52

Com todas as suas conhecidas qualidades, Kamala Harris traz também para a campanha presidencial democrata a vantagem de carregar uma “bagagem” já conhecida: começou na vida pública como amante de um político importante em São Francisco, Willie Brown, que depois foi prefeito da cidade.

“Bagagem” é como os especialistas em vasculhar a vida de candidatos a cargos de destaque chamam fatos do passado que podem criar constrangimentos no presente.

Brown era presidente da Assembleia de Deputados da Califórnia quando começou o relacionamento. Tinha 60 anos. Ela, 29. 

Durou o suficiente para que Kamala fosse chamada de “namorada fixa”, não obstante a senhora Brown original continuasse na configuração.

Isso tudo no passado distante, mas ainda significativo a ponto de Willie Brown ter publicado um artigo aconselhando sua ex-protegida a não aceitar a candidatura a vice-presidente, “um beco sem saída”, sem nenhuma garantia de que possa futuramente mirar no que interessa, a Casa Branca.

Kamala Harris evidentemente não ligou a mínima para o conselho.

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A candidatura dela como número dois de Biden injeta o fator novidade – mulher, negra, personalidade forte, bem preparada e ótima para as câmeras -, desviando um pouco o foco dos dois septuagenários que disputam o que interessa.

O maior problema dos estrategistas da campanha democrata será amenizar o contraste entre uma Kamala exuberante, com o discurso cortante de quem fez carreira como promotora pública, e o Biden que esquece palavras, tropeça em números, já confundiu a mulher com a irmã e disse disparates a entrevistadores negros.

Se Donald Trump falasse algo semelhante, teria manifestações 24 horas por dia em frente a Casa Branca.

Como pelo menos 90% da grande imprensa torce fervorosamente por Biden, seus vacilos são tratados como amenidades divertidas.

Comentários ofensivos no campo racial não são novidade para Biden. Em 2007, quando ainda sonhava em ganhar a candidatura para a Casa Branca, disse o seguinte sobre Barack Obama: “Temos o primeiro afro-americano que é articulado, brilhante, limpo e de boa aparência. É uma história e tanto”.

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Hoje, poucos teriam coragem de fazer um paralelo semelhante entre Kamala e Obama. 

Mas, tirando as palavras ofensivas, ela realmente tem um tipo de imagem parecida: componente multirracial na origem familiar, filha de professores universitários (o pai, jamaicano; a mãe, indiana do grupo étnico tamil), formação nas melhores universidades, postura segura sem ser agressiva.

Quando Obama era presidente, e Kamala ocupava o cargo equivalente a secretária de Segurança na Califórnia, chegou a fazer um cumprimento simpático à “secretária de Segurança mais bonita dos Estados Unidos”.

Depois, pediu desculpas: referir-se à aparência de uma mulher, mesmo em termos respeitosamente elogiosos, é crime contra o manual politicamente correto.

A maior desvantagem de Kamala no atual ambiente político reinante no Partido Democrata era, por incrível que pareça, seu currículo de durona no combate ao crime como promotora pública.

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Combater a criminalidade virou, nos Estados Unidos, sinônimo de perseguir a minoria negra.

A nova candidata a vice já se redimiu adotando todos os tiques da esquerda americana, da reforma no sistema judicial à abertura das fronteiras a quem quiser entrar no país, aborto em qualquer estágio da gravidez e liberação das drogas.

Aliás, quando tentou parecer moderninha e insinuar que tinha fumado maconha nos tempos da faculdade, o pai, com quem tem uma relação estremecida, reclamou que ela estava confirmando estereótipos dos jamaicanos como maconheiros em escala geológica.

Donald Harris é professor emérito de economia de Stanford. A mãe saiu da Índia para continuar como endocrinologista, a carreira de pesquisadora na área de câncer de mama.

Os pais se separaram quando ela e a irmã, Maya, eram crianças e a meninas chegavam a ficar sozinhas quando a mãe viajava para palestras e conferências.

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Kamala, de 55 anos, teve um casamento tardio e quase irritantemente feliz com Douglas Emhoff, um clichê do advogado judeu nova-iorquino que entra para o ramo do entretenimento na Califórnia.

Os dois fazem declarações constantes de amor mútuo e Kamala incorporou os filhos do primeiro casamento dele. Incorporou também a primeira mulher, que frequenta a casa e participa das comemorações familiares.

A vida particular idílica e a risada contagiante não enganam ninguém, muito menos Joe Biden.

Quando ainda estava na disputa pela candidatura presidencial, a senadora o massacrou com uma resposta preparada sobre a questão do sistema forçado de integração racial que levava crianças negras de ônibus para estudar em escolas de maioria branca.

Biden levantou dúvidas sobre a eficiência do esquema e Kamala respondeu contando a história de uma menininha que pegava o ônibus todos os dias, terminando com o que já virou um clássico dos debates: “Aquela menininha era eu”.

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Kamala não se saiu bem na fase dos pré-candidatos, mas com certeza é o tipo de pessoa que aprende rápido.

Vai fazer todos os esforços para não aparecer mais do que Joe Biden, apesar da preferência da televisão por pessoas bonitas, cheias de vigor e capazes de falar, de improviso e sem tropeços, sobre qualquer assunto.

Biden que se cuide.

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