Satélite revela desmatamento provocado por garimpeiros em área indígena
Imagens inéditas mostram o estrago causado por criminosos no Pará, onde o Ibama fez operação recentemente. Desmatamentos na Amazônia aumentaram 29% em 2020
Imagens inéditas de satélite mostram o avanço do desmatamento provocado pela ação de garimpeiros na área indígena Kayapó, situada no Pará, mesma região na qual o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) fez uma operação com grande repercussão na última semana. De dezembro de 2019 a abril de 2020 foram desmatados cerca de 23 hectares só nessa área, um verdadeiro estrago em terras da região amazônica totalmente preservadas até então.
O engenheiro florestal Tasso Azevedo, especialista do Observatório do Clima e ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), explica as imagens captadas pelo MapBiomas Alerta. Segundo ele, na primeira foto, de agosto de 2019, é possível ver a área sem intervenções. Nem o rio que existe na região consegue ser identificado pelo satélite devido à robustez da mata que o cerca.
Quatro meses depois, em dezembro, percebe-se o início do desmatamento. O rio, antes encoberto pela vegetação, agora consegue ser visto de cima. As pequenas flechas amarelas indicam os pontos onde o Ibama esteve na semana passada. As imagens foram geradas com as coordenadas indicadas pela equipe de campo.
Uma das mais recentes fotos captadas pelo satélite, em março deste ano, choca especialistas ao detectar o desmatamento de 23 hectares. O rio apresenta uma cor barrenta, sinal de contaminação pelo garimpo. “A destruição foi muito rápida. Eles estavam infiltrando sem dó mesmo”, avaliou o engenheiro florestal à coluna.
Operação
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só em março deste ano, os alertas de desmatamento na Amazônia aumentaram 29,9%, se comparados ao mesmo período do ano passado. Foram 70 mil hectares desmatados. A grave situação levou o Ibama a deflagrar uma operação para tirar madeireiros e garimpeiros das terras indígenas do sul do Pará.
Além de paralisar a atividade ilegal, a ação teve como objetivo proteger do contágio do coronavírus os cerca de 1.700 indígenas que moram na região, tendo em vista que os grileiros podem ser uma fonte de transmissão.
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Clique e AssineNa operação, maquinários foram queimados e pontes clandestinas destruídas pelos fiscais do Ibama – medidas previstas por lei, já que a remoção de máquinas, além de difícil, pode ser interrompida por emboscadas.
No entanto, a atitude não agradou a cúpula do governo federal. O próprio presidente Jair Bolsonaro disse, em outras ocasiões, que não é favorável à queima de equipamentos. O operação resultou na exoneração do diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, responsável por coordenar a intervenção no Pará.
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