Por que Pacheco atrasa a CPI?
Presidente do Senado perdeu os holofotes e atrapalha andamento da Comissão
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, anunciou na última semana que só vai analisar a prorrogação da CPI da Covid-19 no dia 7 de agosto.
A decisão, segundo ele, segue o regimento do Senado. No entanto, a atitude parece ser motivada por outro fator. Para Pacheco, a comissão é importantíssima para o país, mas tem um defeito: ela está tirando os holofotes de cima do presidente do Senado.
O senador assumiu a presidência da Casa em fevereiro deste ano. Em abril, a CPI começava seus trabalhos e, desde então, não se fala de outra coisa. A comissão tem feito um serviço importante, mostrando aos brasileiros o descaso do governo com a imunização.
Ao decidir que só vai analisar a prorrogação da CPI em agosto, Rodrigo Pacheco está tirando o horizonte de planejamento dos depoimentos e dos trabalhos. E o presidente do Senado está fazendo isso deliberadamente para criar insegurança em cima da CPI.
A verdade é que, sem os holofotes, o presidente do Senado está deslocado, sem lugar. Nesta terça, 6, em vídeo publicado na rede social do presidente Jair Bolsonaro, Pacheco aparece ao lado de integrantes do governo no anúncio da prorrogação do auxílio emergencial.
Das seis pessoas que aparecem na imagem, apenas Pacheco e a ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo) usam máscara de proteção facial. O presidente do Senado está ali anunciando um ato do Poder Executivo, claramente sem lugar.
Ele pode até dizer que estava lá porque é do Comitê contra o Covid-19. Mas se fosse levar a sério suas funções devia ter pedido aos quatro desmascarados na mesa (presidente Bolsonaro, ministros Joao Roma, Paulo Guedes e general Luiz Eduardo Ramos) que colocassem as máscaras.
Enquanto os integrantes da CPI dizem que não vão tirar recesso, Pacheco não parece ter pressa quando o assunto é a continuidade da comissão. O que o senador não percebeu é que, ao minar a CPI, ele também pode minar seu mandato à frente do Senado.