O novo delírio de Paulo Guedes
Ministro da Economia tem uma visão do país e dos "feitos do governo Bolsonaro" distante da realidade
O ministro da Economia, Paulo Guedes, acabou de ter mais uma manhã de delírio nesta segunda-feira, 30. Para ele, no primeiro ano do governo Bolsonaro, o país deu aula ao mundo fazendo reformas necessárias enquanto, em outros países, o povo ia às ruas para evitá-las.
No segundo ano, segundo Guedes, o governo também mostrou, em meio à pandemia, que era possível evitar que a economia caísse tanto, e fizesse uma recuperação rápida, em V.
“Nós surpreendemos o mundo no primeiro ano fazendo reformas importantes e difíceis enquanto outros povos estavam indo às ruas contra as reformas. No segundo ano surpreendemos de novo, a democracia funcionou muito no sentido de que nós, na dimensão econômica, fomos um dos países que menos caímos e um dos que mais rápido se levantaram com o impacto da Covid-19″, afirmou Guedes.
A reforma que ele fala é a da Previdência, deixada pelo ex-presidente Michel Temer já pronta e que acabou aprovada principalmente pelo esforço de Rodrigo Maia, então presidente da Câmara. O presidente só entrou mesmo na briga no fim, e para pedir aumento para os policiais.
Enquanto isso, o país testemunha uma agenda de reformas que não avança muito ou que tem propostas muito ruins, a inflação em alta, o desemprego em nível alto demais e uma recuperação econômica da queda do ano passado, mas com previsão de crescimento pífio no ano que vem. Muitos bancos falam em 1,5%.
Também hoje, o ministro afirmou, por exemplo, que o país criou 1 milhão e 800 mil empregos no mercado formal. Guedes pega apenas o dado do Ministério da Economia, o Caged, que o favorece. Mas o dado do IBGE, que mostra os 14 milhões de desempregados ele ignora ou ataca o instituto de pesquisas.
Mas o pior mesmo é ver Paulo Guedes afirmando que o governo do qual ele faz parte é bastante democrático. O ministro parece não ver as declarações do próprio chefe dia após dia. Jair Bolsonaro passa o tempo todo atacando a democracia brasileira. E Guedes flutua no seu mundo paralelo.