Governo Bolsonaro não deu resposta convincente no caso Covaxin
As dúvidas sobre a vacina indiana abrem a semana e se somam às perguntas sobre novo imunizante
A bomba que estourou na CPI na noite da sexta-feira, 25, não teve ainda resposta convincente. O presidente Bolsonaro preferiu dizer que eram mentiras e fake news. Por isso, a semana começa com muitas dúvidas no ar. Por que Bolsonaro não mandou investigar a denúncia que recebeu dos irmãos Miranda? Se desconfia do líder Ricardo Barros, por que o manteve no lugar? O que foi feito em relação a outros citados na denúncia que foi levada a ele pelo deputado e o servidor do Ministério da Saúde? O que o ex-ministro Eduardo Pazuello tem a dizer sobre a afirmação de Miranda de que um “poderoso parlamentar” teria dito ao então ministro: “Vou te tirar dessa cadeira”.
O governo até agora não mostrou capacidade de reação às denúncias. E fica estrilando. Enquanto isso, o vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues, e os senadores Jorge Kajuru e Fabiano Contarato protocolaram, no Supremo Tribunal Federal, notícia-crime contra Jair Bolsonaro por suposta prevaricação. Foi o resultado das respostas insuficientes.
A CPI mudou a partir dessa denúncia, mas terá que manter vivas as outras linhas de apuração, que mostraram negligência em relação à compra de vacinas de eficácia comprovada. E que indicaram que a estratégia do governo era a imunidade de rebanho, permitindo deliberadamente o aumento das mortes – incluindo, o empenho do governo em fabricar, importar, distribuir e estimular o consumo de drogas ineficazes. São importantes todas essas trilhas.
O deputado Luis Miranda disse em entrevista à Folha desta segunda-feira, 28, que se forem chamados a uma reunião fechada da CPI, ele e seu irmão têm mais a dizer. O bloqueio de um servidor concursado no sistema do Ministério da Saúde configura perseguição, e a CPI também quer tirar isso a limpo. A semana começou com temperatura máxima, e nada indica que vai esfriar.