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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A saída do general é a vitória final de Carlos Bolsonaro e de seu gabinete

Rêgo Barros saiu do governo e viu toda a estrutura que comandava ser desmontada na semana em que o presidente, não por acaso, faz quatro ataques à imprensa

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 ago 2020, 11h00 - Publicado em 27 ago 2020, 12h17

Não é coincidência a saída do general Otávio do Rêgo Barros do importante posto de porta-voz da Presidência da República justamente nesta semana. Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro re-engatilhou sua agressiva verborragia e não fez somente um, mas quatro ataques à imprensa profissional brasileira. 

É surreal (e parece até ter sido normalizado na sociedade), mas o presidente afirmou a um repórter que tinha “vontade de encher a boca [dele] de porrada”. Depois, defendeu que jornalista, se infectado pelo coronavírus, tem mais chance de morrer por ser “bundão”. E, deliberadamente, chamou seguidas vezes outro profissional de “otário”.

No caso em que afirma querer “encher a boca” do repórter de “porrada” há um agravante, que pode ser contado como mais um ataque. Bolsonaro, o filho Zero Dois Carlos Bolsonaro e pastores apoiadores compartilharam no Twitter um vídeo com falsa legenda sugerindo que o presidente teria sido provocado pelo profissional antes de ameaçar a agressão. Na versão mentirosa, o jornalista teria dito: “vamos visitar sua filha na cadeia”. Isso não ocorreu.

O agora ex-porta-voz da Presidência da República general Otávio Rêgo Barros (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Depois que o próprio site que criou a falsificação tirou o vídeo do ar, a postagem presidencial foi apagada, mas o estrago estava feito. E por que se diz estrago neste caso? Porque perpetua a imagem da imprensa como inimiga do governo, sendo que os jornalistas têm apenas feito o seu papel de perguntar o óbvio: por qual motivo, presidente, sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?

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Diante do questionamento – que até agora está sem resposta -, o presidente tem agredido e assediado moralmente membros da imprensa brasileira. Como informado pela coluna, a saída de Rêgo Barros é uma perda enorme para o governo, que construiu uma relação conflituosa com os órgãos de imprensa desde janeiro de 2019. 

Mas não é só isso. Primeiro, Bolsonaro esvaziou e isolou o general, agora extinguiu o cargo e desmontou toda a estrutura criada pelo então porta-voz da presidência. Sai Rêgo Barros, que quis manter um relacionamento mais respeitoso com a imprensa e o decoro na relação do presidente com os jornalistas, e entra quem? Carlos Bolsonaro e sua trupe. 

O filho Zero Dois, responsável por organizar a vitoriosa campanha de 2018 do pai nas redes sociais, tem sido visto constantemente nas viagens recentes do presidente. Isso porque o Mode Eleição voltou a todo vapor no ideário da família. Do Nordeste ao Sul, as aparições públicas de Bolsonaro não passam de atos eleitorais, imitando até governos de odiados opositores. 

Fato é que a saída de Rêgo Barros, com a desmontagem do seu setor, está mal explicada. Toda a presidência exige ter uma estrutura de comunicação institucionalizada. Fábio Wajngarten não consegue exercer bem esse papel. É um propagandista. Carlos Bolsonaro e sua turma já não podem usar os mesmos truques de manipulação dos quais abusaram na última eleição porque há, inclusive, uma investigação em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre fake news. Mas o presidente tem confiança enorme no filho Zero Dois. E parece ter escolhido um caminho que não cabe profissionalismo. É a abordagem amadora, que pode trazer muitos prejuízos para a imagem do Brasil.

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