Um mês após o 7 de Setembro, Bolsonaro volta a movimentar a sua agenda
Em contraste com o isolamento dos primeiros dias após os ataques ao STF, presidente intensifica viagens e encontra empresários, ruralistas e evangélicos
Um mês depois de o presidente Jair Bolsonaro ter sido duramente criticado por ter liderado atos antidemocráticos pelo país, no dia 7 de setembro, a sua agenda volta a ganhar dinamismo. No período que se seguiu aos protestos, a sua rotina institucional se limitava a receber ministros e a participar de poucas solenidades oficiais no Palácio do Planalto.
Nos primeiros dez dias após as manifestações, nas quais ele subiu em palanques em Brasília e na Avenida Paulista para atacar o Supremo Tribunal Federal, a única – e barulhenta — exceção na agenda burocrática de Bolsonaro foi o ex-presidente Michel Temer, no dia 9, quando o presidente foi orientado a escrever uma carta em tom de conciliação com o STF.
Nos últimos dias, no entanto, Bolsonaro viajou para divulgar os mil dias de seu governo, se reuniu com políticos e encontrou representantes de sua base de apoio, como ruralistas, empresários e evangélicos.
No dia 30 de setembro, por exemplo, em Belo Horizonte, após encontrar o governador Romeu Zema, ele participou de um almoço com lideranças empresariais mineiras. Uma semana depois, tomou café com parlamentares da Frente Parlamentar da Agricultura, a chamada bancada ruralista. No última terça-feira, 5, ele esteve em um evento com pastores evangélicos junto com oito ministros e a primeira-dama Michelle.
Na quarta-feira, 5, o presidente recebeu também atletas que representaram o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio — a competição havia acabado no dia 5 de setembro.
A partir do dia 17 de setembro, Bolsonaro começou uma intensa agenda de viagens pelo país para inaugurar obras e anunciar projetos e programas: foi a Arinos (MG), Mara Rosa (GO), Teixeira de Freitas (BA), Teotônio Vilela (AL), Boa Vista (RR), Belo Horizonte (MG) e Maringá (PR).
Também foi para a Assembléia-Geral da ONU no dia 19 de setembro, em Nova York, onde se encontrou com poucos líderes mundiais. Além de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, ele esteve apenas com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente da Polônia, Andrzej Duda, com quem é alinhado ideologicamente.
Além dos políticos da bancada ruralista e evangélicos, que estiveram com Bolsonaro em encontros coletivos, apenas dois parlamentares visitaram o presidente nos últimos trinta dias: a deputada Carolina de Toni (PSL-SC) e o senador Luiz do Carmo (MDB-GO).