Nem R$ 200 milhões evitaram o vexame eleitoral do PSL
Fora do segundo turno nas capitais e principais cidades, partido termina eleições com 90 prefeitos, todos em municípios médios e pequenos
A onda bolsonarista da eleição de 2018 levou o PSL à Presidência da República e fez do partido a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, criando a expectativa de que a próxima eleição, em 2020, faria a sigla ganhar capilaridade a nível municipal, impulsionada pela figura de Jair Bolsonaro e os 200 milhões de reais do fundo de financiamento de campanhas. Com a saída de Bolsonaro da legenda após menos de um ano no poder, no entanto, só o dinheiro farto não foi o bastante para gerar bons resultados nas urnas, nem livrar o partido de um vexame eleitoral.
O PSL elegeu apenas 90 prefeitos, sobretudo em cidades pequenas e médias, e não venceu em nenhuma das 100 maiores cidades do país, incluindo as 26 capitais estaduais – nas quais não disputou nenhum segundo turno. Os prefeitos pesselistas estão distribuídos em apenas treze estados – nos treze demais não houve uma vitória sequer – e a sigla disputou o segundo turno em somente duas cidades, Praia Grande (SP) e Sorocaba (SP), nas quais foi derrotado.
Com os cofres cheios, os estados que receberam mais recursos tiveram mais prefeitos eleitos pelo partido. O diretório de Minas Gerais, onde 14 pesselistas saíram vitoriosos, levou 9,1 milhões de reais, enquanto o de São Paulo (nove prefeitos eleitos) recebeu 10,2 milhões de reais, o de Santa Catarina (treze prefeitos eleitos) ficou com 5,04 milhões de reais e o do Paraná (24 prefeitos eleitos), com 5 milhões de reais. Entre as maiores conquistas eleitorais do PSL estão cidades médias, como as mineiras Ipatinga (265.409 habitantes) e Passos (115.337 habitantes), a paulista São Carlos (254.484 habitantes) e a pernambucana Abreu e Lima (100.346 habitantes).
Os candidatos nos quais o partido empenhou mais dinheiro estão entre os maiores fracassos pesselistas de 2020: Luiz Lima, cuja campanha recebeu 2,6 milhões de reais do PSL, ficou em quinto lugar no Rio de Janeiro, com apenas 6,85% dos votos; Vanda Monteiro, quinta colocada em Palmas, com 8,68% dos votos, foi beneficiada com 2,3 milhões; e Joice Hasselmann, maior mico eleitoral da sigla, levou 2,250 milhões de reais e foi apenas a sétima mais votada em São Paulo, com 1,84% dos votos.
Se a expectativa do PSL era a de empilhar prefeituras para manter a bancada federal em número semelhante em 2022, os sinais de 2020 acabaram mostrando um risco claro: o de voltar ao diminuto tamanho original.