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Nas redes, bolsonarismo apoia vacina e novo ministro, mas ataca lockdown

Aliados ideológicos acompanham nova postura do presidente, passam a apoiar imunização, mas mantêm ofensiva contra governadores que adotam isolamento social

Por Camila Nascimento 17 mar 2021, 13h12

Nas redes sociais, deputados bolsonaristas que mobilizam um grande número de seguidores mudaram nos últimos dias o tom em relação à vacina e passaram a defender a imunização, acompanhando um movimento que se observa com Jair Bolsonaro e seu entorno, inclusive seus filhos. Na mesma linha do presidente, contudo, continuam atacando o distanciamento social — e os governadores e prefeitos que adotam a medida — e exaltando o chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina.

Em relação ao novo ministro da saúde, o médico cardiologista Marcelo Queiroga, que substituirá o general Eduardo Pazuello, os membros da base mais ideológica do presidente aprovaram a indicação e demonstraram alívio pelo fato de a escolhida não ter sido a médica Ludhmila Hajjar, contra quem fizeram campanha na internet em razão de suas ligações com desafetos do bolsonarismo, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ministro Gilmar Mendes e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) é um exemplo de mudança de postura entre os bolsonaristas da ala ideológica. Em setembro, ela questionava a “vachina do Doria”, se referindo à CoronaVac, e indagava se ela era “confiável” — o imunizante é hoje o mais usado na campanha de vacinação. Em dezembro, ela postou que as vacinas poderiam “afetar o DNA” das pessoas.  Agora, passou a defender a imunização em massa para acelerar a recuperação econômica,  compartilhou o cronograma do Ministério da Saúde e comemorou “milhões de brasileiros vacinados nos próximos meses”.

Bia Kicis
(./Reprodução)
Bia Kicis
(./Reprodução)

Carla Zambelli (PSL-SP), que também fez campanha contra a “vachina” quando ela era a única alternativa à vista no país, agora anuncia em suas redes sociais a compra pelo governo de imunizantes da Janssen e da Pfizer. Já Bibo Nunes (PSL-RS) disse que “a vacinação em ritmo acelerado é uma motivação ao povo brasileiro”. 

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Novo ministro

As primeiras falas de Queiroga após ser anunciado como novo ministro da Saúde agradaram aos bolsonaristas — ele tem caminhado no fio da navalha, combinando a defesa da ciência (vacinação, uso de máscara) com ressalvas ao distanciamento social (“medida extrema”, segundo ele) e ao uso da cloroquina (dizendo que os médicos têm autonomia para receitar qualquer medicamento).

Filipe Barros (PSL-PR), outro bolsonarista da ala ideológica, parabenizou o médico.

Já Bibo Nunes disse que “Bolsonaro se livrou de um grande problema se Dra. Ludhmila fosse ministra da Saúde” e desejou “sucesso ao novo ministro. O deputado também defendeu a gestão de Pazuello — segundo ele, o general “adquiriu muita experiência no combate ao coronavírus e é cheio de boas intenções”.

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Apesar de não ter citado o novo ministro, Otoni de Paula (PSC-RJ) também criticou o fato de Ludhmila Hajjar ter sido cotada para assumir a pasta da Saúde.

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, também agradeceu a Pazuello, que, segundo ele, “cumpriu a sua missão”, e desejou que Queiroga possa fazer uma “boa gestão”. Afirmou que o novo ministro “já começou bem” ao dizer que lockdown “somente em situações extremas”. O bolsonarista ressaltou ainda que, ao não confirmar Hajjar, o presidente se livrou de “um novo Mandetta”.

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Lockdown

Apesar de defender a vacina, Kicis continua encarando o lockdown como uma medida que leva à miséria, mesmo pensamento de Bolsonaro. A parlamentar também elogia prefeitos que adotam o tratamento precoce em suas cidades.

Já Zambelli ataca chefes de Executivo estaduais que endurecem as medidas restritivas para conter a Covid-19. “Alguns governadores estão jogando na miséria. Destroem a geração de renda e arrecadação e, como sabem, o dinheiro vai acabar. Quantos vão morrer de fome, srs governadores?” postou. Os ataques da deputada são direcionados, principalmente, ao governador de São Paulo e desafeto político de Bolsonaro, João Doria (PSDB).

Bibo Nunes também defende que medidas de isolamento são prejudiciais ao comércio e provocam desemprego. O seu alvo principal é o governador do Rio Grande Sul, Eduardo Leite (PSDB), que, com o aumento de casos de Covid-19 no estado, tem adotado medidas mais rígidas contra o vírus.

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O deputado Osmar Terra (MDB-RS) também defende, constantemente, a ineficácia do lockdown para combater a pandemia. O parlamentar cita supostos estudos que corrobram a sua tese e acredita que “as novas cepas do vírus da Covid ignoram lockdowns”. 

Cloroquina

Assim como o presidente, os deputados que atuam na linha de frente do bolsonarismo nas redes sociais continuam defendendo o chamado “tratamento precoce” com cloroquina, ivermectina e azitromicina. Kicis e Zambelli também passaram a divulgar um novo suposto medicamento contra a Covid-19, a proxalutamida. O remédio está em fase inicial de teste. 

 

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