Bolsonaristas usam contas alternativas para driblar Twitter e criticar STF
Enquanto Roberto Jefferson recorreu ao perfil da filha, página de grupo conservador publicou tutorial para burlar decisão da Corte
Em um movimento quase imediato, bolsonaristas que tiveram suas contas no Twitter suspensas na sexta-feira 24 por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, recorreram a perfis alternativas para driblar a medida da plataforma e seguir criticando a Corte. Entre os dezesseis alvos da decisão estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, o empresário Luciano Hang, a ativista extremista Sara Winter e os blogueiros Allan dos Santos e Bernardo Kuster.
Um dos mais novos aliados do presidente Jair Bolsonaro, Roberto Jefferson recorreu ao perfil de sua filha, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ). “Fui censurado por falar a verdade e estou dividindo o perfil com minha filha. É hora de rugir”, diz o texto de apresentação do perfil de Cristiane. Na tarde desta sexta-feira, Roberto Jefferson escreveu que não tema a “tirania” de Alexandre de Moraes.
Amigos aqui é Roberto Jefferson. Entrei na conta da minha filha para agradecer a todos pelo apoio. Em breve estaremos juntos novamente! Alexandre, não temo sua tirania!
— Cristiane Brasil (@crisbrasilreal) July 24, 2020
O empresário Luciano Hang publicou um vídeo em seu perfil no Instagram para se manifestar sobre a decisão. Hang afirmou que nunca produziu notícias falsas e, em nota, reforçou que “jamais” atentou contra o STF.
O blogueiro Allan dos Santos, do portal Terça Livre, recorreu a um perfil secundário, no qual tem replicado publicações de outros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, como as deputadas federais Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ) e Kátia Sastre (PL-SP). Em um tuíte, Allan rebate uma declaração do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, que afirmou que autores de notícias falsas “não são pessoas de bem, são bandidos”. “Alguém sumiu com a honra do Barroso, mas não foram as pessoas que estão no inquérito inconstitucional”, disse o blogueiro.
Também no Twitter, o perfil do movimento Brasil Conservador divulgou um tutorial de como alterar as configurações da rede social para continuar visualizando os tuítes publicados – perfis com localização fora do país conseguem visualizar as contas retidas pela decisão de Moraes. Na publicação, o movimento diz que este é o passo a passo para se ver “livre da restrição do Xandão”, em alusão ao primeiro nome do ministro do STF.
A decisão de Moraes, tomada em maio e cumprida agora, se deu no âmbito do inquérito que apura a disseminação de notícias falsas e agressões a ministros do Supremo. O ministro é o relator das apurações.
Conforme noticiou a coluna Radar, quase dois meses depois do despacho, Moraes deu um ultimato ao Twitter na quarta-feira 22 para que a ordem fosse cumprida em 24 horas. Por meio de nota, a assessoria de imprensa do Twitter afirmou que a rede social “agiu estritamente em cumprimento a uma ordem legal proveniente de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF)”.