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Os limites da fertilidade no século XXI

Fertilização in vitro e congelamento de óvulos são alguns dos grandes avanços da medicina reprodutiva

Por Marianne Pinotti
Atualizado em 4 jul 2019, 15h02 - Publicado em 4 jul 2019, 13h53

Recebi uma paciente esta semana que me fez refletir sobre várias questões da vida, da tecnologia, da medicina e do futuro. Na área da saúde da mulher temos evoluído em tantos campos do ponto de vista técnico e de possibilidades, mas ainda ‘engatinhamos’ no saber dos significados humanos e culturais de tantas destas evoluções. Em 1978,  foi apresentado ao mundo o primeiro ‘bebê de proveta’. Parecia filme de ficção científica. Hoje, trata-se de um tratamento de rotina e, a partir dele, as possibilidades se tornaram infinitas! 

Voltando à minha paciente: uma mulher linda, madura, profissional de sucesso e independente, divorciada, que teve uma filha aos 22 anos. Ela hoje tem 36 anos, não está namorando e ainda quer ser mãe novamente, mas teme pela diminuição de fertilidade, que em nós mulheres ocorre muito cedo: nascemos com cerca de sete milhões de óvulos e perto dos 40 anos serão somente 25.000. Esta reserva pode ser medida com um exame de sangue que é a dosagem do anticorpo anti-mulleriano. Além disso, aumentam as possibilidades de abortamento e alterações cromossômicas do feto, tudo isso deve ser controlado com testes específicos e cuidados pré natais.

Reprodução assistida

Nossa conversa foi longa, ela procurava por garantias que nem sempre são possíveis. Se aos 40 anos conseguirá engravidar e ter uma gestação tranquila, se seu bebê não apresentará problemas de saúde, se realmente esta possibilidade é real. Me dizia que seria um grande investimento financeiro e emocional, principalmente se sua esperança for frustrada, todas questões absolutamente pertinentes cujas respostas são ainda inexatas. 

As taxas de sucesso de uma fertilização assistida em uma mulher entre 40 e 42 anos é de 20%. Neste momento surge a ideia do congelamento de óvulos: qual a vantagem, o que acrescenta. Ainda é uma técnica nova, mas que nos oferece vantagens sabidas: a mesma fertilização realizada em uma mulher de 42 anos, com óvulos congelados aos 35 anos sobe para cerca de 60%, está aqui a principal vantagem. Difícil indicar este tipo de procedimento que gera uma enorme esperança, aumenta as possibilidades, mas não garante sucesso, é caro e não está livre de complicações na indução hormonal e coleta dos óvulos e, pensando mais a longo prazo, os riscos de uma gestação em idade mais avançada.

Congelamento de óvulos

A técnica é a mesma da fertilização assistida: no terceiro dia de menstruação a paciente inicia a indução ovariana com um hormônio que ela usará por cerca de dez dias quando os ovários terão amadurecido múltiplos óvulos, que serão aspirados cirurgicamente, através de uma punção realizada via vaginal. Os óvulos colhidos serão selecionados e aqueles maduros serão congelados por técnica de vitrificação e conservados em nitrogênio líquido em temperatura de -196°C.

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As indicações formais do congelamento de óvulos são a de aumentar a eficácia da fertilização assistida, possibilitando armazenamento dos óvulos excedentes para serem utilizados em outros ciclos; a preservação da fertilidade em mulheres jovens que necessitam retirar o ovário ou que deverão passar por quimioterapia ou radioterapia para tratar um câncer; para possibilitar programas de doação de óvulos; e, por fim, para a postergação da fertilidade.

Ao final da consulta indiquei o congelamento de óvulos a minha paciente, depois deste encontro cheio de troca de informações e afetos. Conversamos sobre ciência, mas principalmente sobre a vida e o futuro. Me senti plena como médica ao entender que minha profissão não se limita a técnica, mas é necessário entender o momento de vida, as angústias e os anseios para só assim poder oferecer uma opção baseada em evidências científicas que se adequem a realidade de vida daquela mulher.

 

Dra. Marianne Pinotti

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