
O racismo estrutural ganha ares de estupefação nas empresas brasileiras. Sendo 54% da população, na pesquisa Ethos 2016, os negros são 4% dos executivos e as negras, 0,4%. E, inacreditavelmente, a maioria dos presidentes acha a situação adequada.
A pesquisa do Insper sobre a Pnad/Educação – 2016/2018, publicada nessa semana, é categórica: branco com faculdade pública ganha 160% a mais do que mulher negra. Nas palavras do seu coordenador, professor Naércio Meneses, isso é fruto do racismo estrutural que está em todo lugar, e na hora da contratação e promoção dos negros. Por isso, afirma ele, é preciso mobilização da sociedade para que os empregadores entendam o quanto estão perdendo com a discriminação e quanto o país está perdendo em termos de produtividade.
Tem toda razão. O racismo nas empresas distorce os valores, a visão, missão e objetivo empresariais. Nega a justiça e a igualdade de oportunidades, sem distinção de cor ou raça; agride os fundamentos de civilidade. Todos perdem, negros, brancos, empresas e o país.
Para vencer esse desafio será indispensável muito trabalho, consciência, compromisso, competência, coragem, ousadia, e, sobretudo liderança. Papel e missão, principalmente do presidente.
Nesse sentido e direção, o encontro dos Presidentes das Empresas da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, que debaterá o papel da alta liderança no enfrentamento ao racismo, além de emblemático, e estimulante, é auspicioso. Seja por congregar e consolidar uma potente massa critica das mais importantes empresas do país na cocriação de um roteiro e um projeto estratégico de intervenção e transformação, seja para referenciar, inspirar e estimular a mudança nas demais empresas e seus ecossistemas.
Aqui também cabe a máxima de que, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Liderar, promover mudança e transformar a realidade, é dever de todos, mas, sobretudo, tarefa do presidente.