Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por José Casado
Informação e análise
Continua após publicidade

ONGs e bancos disputam o petróleo da Amazônia

Instituições financeiras criticadas por expandir negócios 90 empresas de petróleo na Amazônia de forma "incompatível" com as próprias políticas ambientais

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jul 2021, 09h57 - Publicado em 14 jul 2021, 09h00

Instituições financeiras globais se mostram empenhadas em alinhar suas políticas de crédito e de participações societárias às diretrizes do Acordo Climático de Paris com o objetivo de conter o aquecimento global — no termômetro, abaixo de 1,5 ° Centígrados.

Nesse tratado global sobre mudanças climáticas, cujas negociações prosseguem em novembro, se prevê uma moratória no avanço da exploração e produção de combustíveis fósseis.

Uma das consequências previsíveis é a imposição de limites à expansão de negócios na pesquisa, extração, refino e comércio de petróleo na bacia amazônica, que tem 60% do seu território dentro das fronteiras do Brasil e o restante dividido entre oito países vizinhos.

LEIA TAMBÉM: Aumento de CO2 e desmatamento reduzem chuvas na Amazônia, mostra estudo

Casas bancárias brasileiras, americanas e europeias estão recorrendo à ajuda de organizações não governamentais para formatar suas políticas ambientais, sociais e de governança. Ano passado, as OGNs Stand.Earth e Amazon Watch começaram a revisar esses padrões.

ONGs e bancos disputam o petróleo da Amazônia
(Stand.Earth e Amazon Watch, julho 2021/VEJA)

Descobriram que muitos bancos aumentaram créditos e participações em negócios com 90 empresas de petróleo, de gás e de comércio na Amazônia, embora adotem políticas destinadas a avaliar esses riscos ambientais e sociais em suas decisões financeiras e de investimento (clique aqui para obter a íntegra do relatório).

“As implicações climáticas dessas práticas financeiras são incompatíveis”, argumentam as ONGs, “num momento em que a Agência Internacional de Energia clama pelo fim da expansão do petróleo e do gás globalmente”.

Acrescentam: “Nos engajamos no diálogo com os bancos e descobrimos questões adicionais, brechas e relacionamentos, identificando 14 bancos na Europa e nos EUA que estão envolvidos na indústria de petróleo em toda a bacia amazônica, aparentemente em contradição com seus compromissos e políticas de sustentabilidade.” A maior parte do fluxo de capital bancário está dirigida às empresas estatais, principalmente para a Petrobras, a maior e mais competitiva na região.

+ Plataforma liga investidores a projetos de restauração de ecossistemas

Consultados pelas ONGs, os bancos confirmaram o desejo de “descarbonizar” suas carteiras de empréstimos e investimento, mas querem continuar financiando a indústria de petróleo e gás em novas fronteiras como a Amazônia: “Eles afirmam usar seu poder de financiamento e investimento para envolver clientes e investidores de petróleo e gás na redução das emissões de carbono intensivas, ao invés de desinvestir ou excluí-los dos seus negócios. Mas, sem metas de portfólio, os bancos não sabem por quanto tempo podem continuar colocando dinheiro na indústria de petróleo e gás antes que um cenário de 1,5 ° C se torne inatingível.”

Continua após a publicidade
ONGs e bancos disputam o petróleo da Amazônia
(Stand.Earth e Amazon Watch, julho 2021/VEJA)

Para as ONGs, os bancos “estão sendo complacentes, não estão tratando das deficiências em sua implementação de políticas antes que as comunidades da Amazônia já tenham sofrido os impactos negativos”. Criticam a ênfase das instituições em poluição e corrupção em comparação com a fragilidade do desenho de suas políticas para questões de biodiversidade e de direitos humanos.

Registram, com uma dose de sarcasmo: “Várias empresas proeminentes que têm histórias recentes de corrupção e poluição ainda estão recebendo financiamento e investimento desses bancos, apesar das indicações dos bancos de que o histórico dessas empresas tornaria mais difícil, e possivelmente impossível, que realizassem negócios com elas.”

O relatório da Stand.Earth e Amazon Watch dá pistas sobre a temperatura prevista nas mesas de negociações com o setor financeiro durante a Conferência da Onu sobre o clima, em novembro, na Escócia.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.