Velhíssima política
Manipulação do Orçamento é particularmente grave durante uma crise de saúde pública
O uso indevido de emendas parlamentares e a manipulação do Orçamento da União em prol de acertos e favorecimentos no exercício da baixa política não é algo novo no cenário nacional. Há quase 30 anos rendeu uma CPI que resultou na cassação e renúncia de deputados conhecidos como os “anões do Orçamento”.
Portanto, quando se descobre que o governo Bolsonaro tem um esquema paralelo e obscuro de direcionar dinheiro das receitas e despesas públicas para políticos aliados, acrescenta-se mais uma evidência de que o discurso da “nova política” era mera peça de campanha eleitoral do então candidato a presidente.
O ineditismo agora é a fórmula encontrada para o desvio de recursos mediante a “reserva” de R$ 3 bilhões para fidelizar a base de apoio no Congresso. É sempre grave, mas na atual conjuntura ainda mais, pois na pandemia seria o momento de o poder público carrear recursos para a gestão das crises sanitária e econômica.
A prática, além de desconstruir ainda mais o discurso sobre correção ética enfraquece os argumentos do governo na CPI da Covid, cuja defesa se baseia em acusações de desvios de verbas federais por estados e municípios.