Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Claudio Lottenberg

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
Continua após publicidade

Adultos mais jovens também podem desenvolver demência

Prevenção e diagnóstico precoce são cruciais para evitar complicações graves da doença

Por Claudio Lottenberg
24 ago 2021, 09h49

Um estudo recente feito pelo Biobanco da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) mostrou que a demência, normalmente associada aos idosos, pode ter uma incidência surpreendentemente alta entre os jovens adultos.

Segundo informações da pesquisadora Roberta Diehl divulgadas pela Agência Einstein, o estudo analisou o cérebro de 275 pessoas com menos de 65 anos e identificou a presença de demência vascular — aquela que é causada pela falta de circulação do sangue — em 10% da amostra. Felizmente, nem todos eles manifestaram sintomas da doença. O que esse grupo tinha em comum era a presença de lesões no encéfalo, às vezes de mais de um tipo.

A demência vascular acontece quando a circulação de sangue no cérebro é comprometida, seja em função de um vazamento (como no caso do acidente vascular cerebral) ou de um entupimento dos vasos sanguíneos. Privados de sangue, os neurônios começam a se degenerar e morrer e, com isso, o paciente passa a ter dificuldades de raciocínio, memória e compreensão.

A boa notícia é que, em muitos casos, há formas de minimizar a probabilidade de desenvolver a demência vascular. Assim como os demais problemas cardiovasculares, é possível preveni-la a partir de mudanças comportamentais, como adotar uma alimentação equilibrada, praticar exercícios, parar de fumar e evitar o consumo abusivo de álcool. Levar uma rotina estressante e trabalhar em excesso, com o tempo, também podem aumentar a pressão sanguínea e causar problemas de circulação. Há, ainda, estudos que indicam uma correlação entre a demência vascular e a depressão, de modo que, quanto antes o paciente depressivo consultar um psiquiatra, melhor.

Quem tem diabetes, doenças cardiovasculares ou já teve um derrame tem o dobro de probabilidade de desenvolver esse tipo de demência, e deve ir ao médico regularmente — mesmo sem sintomas — para manter esses três fatores de risco sob controle. O mesmo vale se eles fizerem parte do seu histórico familiar.

Continua após a publicidade

O diagnóstico precoce da demência vascular é fundamental, mas as circunstâncias atuais não ajudam. Em função da pandemia, o país retrocedeu na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares, que atingem cerca de 14 milhões de brasileiros. Isso aconteceu tanto pela sobrecarga do sistema de saúde como pelo receio de se infectar com o Sars-CoV-2, que levou muita gente a adiar ou cancelar exames, consultas e internações.

As consequências desse retrocesso já são perceptíveis. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontou que as mortes por doenças cardiovasculares cresceram em todas as seis capitais estudadas. Em Manaus, esses óbitos chegaram a aumentar 132% entre março e maio de 2020, em comparação ao ano anterior.

Para além dos problemas vasculares, também vale chamar atenção para o mal de Alzheimer, responsável pela maioria dos casos de demência precoce. Ele ocorre a partir de um acúmulo de proteínas no cérebro, que provoca lesão e morte dos neurônios nas regiões responsáveis pelo aprendizado e retenção de informações.

Continua após a publicidade

Enquanto nos mais velhos o primeiro sintoma de Alzheimer costuma ser a perda de memória, nos jovens ela tende a ser o último. Os adultos com menos de 65 anos têm maior propensão a desenvolver uma forma “incomum” do Alzheimer, na qual os sintomas predominantes são a atrofia cortical posterior (a dificuldade de processar informações visuais, como palavras escritas ou distâncias), a afasia logopênica (a perda progressiva da fala) e o Alzheimer comportamental, que afeta a capacidade de planejar e tomar decisões, e, frequentemente, faz com que o paciente perca as inibições e se comporte de forma inadequada.

Segundo a Alzheimer’s Society, principal organização não governamental dedicada à doença no Reino Unido, até um em cada três jovens com Alzheimer manifesta alguma dessas formas atípicas. Nos pacientes mais velhos, elas atingem apenas um em cada 20 indivíduos.

A demência precoce é uma doença séria, que modifica a maneira como o paciente se relaciona com o mundo de forma irreversível e pode reduzir — quando não arruinar — sua qualidade de vida. A prevenção, quando possível, e o diagnóstico precoce são ferramentas cruciais para garantir dignidade aos portadores desse mal. Quanto mais consciência e menos preconceito a sociedade tiver em torno do assunto, melhor.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.