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Por Coluna
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Sete notas de Carlos Brickmann

Algumas das canções mais populares podem ser banidas do Carnaval. Perseguem-se os clássicos carnavalescos que falam em cor da pele ou comportamento sexual

Por Augusto Nunes Atualizado em 22 fev 2017, 17h35 - Publicado em 22 fev 2017, 17h34

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Carnaval 2017

Ninguém ouve cantar canções

Pode tudo: homem com homem, mulher com mulher, vistosas fantasias masculinas de Veado Imperial, a modelo sem calcinha posando com o presidente da República, bicheiro negociando oficialmente com as autoridades, másculos estivadores de sutiã e minissaia, mulheres peladas, beijar desconhecidos na boca, moça linda levando na coleira o nome do marido. Ou pode quase tudo: com base em confusas teorias raciais, mais o politicamente correto, algumas das canções mais populares podem ser banidas do Carnaval. Nem todas, claro. Perseguem-se os clássicos carnavalescos que falam em cor da pele ou comportamento sexual. O teu cabelo não nega, de Lamartine Babo e Irmãos Valença, Nega do cabelo duro, de David Nasser e Rubens Soares, Mulata Bossa Nova, de João Roberto Kelly, Fricote (“nega do cabelo duro que não gosta de pentear”), de Luís Caldas, são acusadas de racismo e proibidas pelos blocos mais radicais.

Vida sexual é suspeita: Cabeleira do Zezé, de Kelly, é vetada. Como Maria Sapatão, também de Kelly, embora elogie as que de dia são Maria e de noite viram João. Falar de imigrantes pode: “Jacó, a senhor me prometeu, uma gravata, até hoje inda não deu”), A promessa de Jacó, de Américo Campos; Lig, lig, lé, de Paulo Barbosa e Oswaldo Santiago (“Chinês come somente uma vez por mês”). Falar de parentes, também: “Trocaram o coração da minha sogra, puseram coração de jacaré, é, é, é, é, coitado do jacaré”.

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Se ninguém passar mais cantando feliz, saudades e cinzas é o que vai restar.

 

E no entanto é preciso cantar

Este ano, na abertura do Carnaval não oficial, houve músicos que se recusaram a tocar músicas a seu ver inadequadas. Por exemplo, as que continham a palavra “mulata”, cuja origem remota é “mula”, híbrido de égua com jumento – o que gerou “mulata” para a híbrida de brancos com negros. É verdade; e não é. “Missa”, “míssil”, “missão”, comissão” têm a mesma raiz, de enviar algo a alguém. E daí? O fato é que no Governo Geisel, durante a ditadura militar, o Bloco do Pacotão desfilou cantando “Ah, Aiatolá”, referindo-se ao ditador. Seria aquela época mais democrática do que hoje?

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Mudando de conversa

Mas vamos falar de outras coisas. Estas duas notas iniciais certamente servirão para que muita gente xingue este colunista – e o material é suficiente, ninguém precisa de mais. Como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzche, as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras. Quem está convencido de que o perigo está no Carnaval não vai mudar de ideia.

 

Os caminhos de Lula

Lula teve excelentes resultados nas pesquisas CNT/MDA e Instituto Paraná para a Presidência da República, mas antes de festejar terá de se desviar de um obstáculo perigoso. Há uma denúncia pesada contra ele, nos processos da Lava Jato: o ex-senador Delcídio do Amaral reafirmou ao Ministério Público que foi Lula que lhe determinou que fizesse uma oferta de propina a Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, para dificultar as apurações da Lava Jato. Livrando-se desses processos, Lula poderá articular sua candidatura à Presidência. Se tiver problemas, poderá ser chamado pelo juiz Sérgio Moro.

 

Aliança de aço

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A ex-presidente Dilma Rousseff voltou a repetir que seu candidato à Presidência é Lula; e que ela não será candidata à Presidência em hipótese alguma. Mas Dilma disse que tem vontade de se candidatar ao Legislativo – senadora ou deputada federal. Uma dúvida: se Dilma acha que desempenhou bem suas funções e só caiu vitimada por um golpe de Estado, por que não pleiteia nas eleições o cargo do qual foi afastada?

 

Brigar sem motivo

Quem foi mal-educado: o escritor Raduan Nassar, que ao receber o Prêmio Camões acusou pesadamente o Governo brasileiro, considerando-o golpista, ou o ministro da Cultura, Roberto Freire, que bateu forte no premiado? É uma boa discussão, mas sem grande importância. Este colunista gostaria de saber por que existe um Ministério da Cultura – cuja existência é tão discutível que o presidente Michel Temer já o extinguiu uma vez. Dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, só 15 têm Ministério da Cultura, entre eles França e México. Estados Unidos, Canadá e Reino Unido geram ampla produção cultural sem precisar de um ministério. E são esses países que ganham o prêmio Nobel sem intervenção estatal.

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Me dá um dinhiro aí

Professor no Brasil ganha mal? Nem todos: em dezembro, um professor da Universidade Federal de Juiz de Fora recebeu R$ 157 mil – cinco vezes o teto do funcionalismo, que é o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, R$ 33.700. Um desembargador de Sergipe deixou facilmente o professor mineiro para trás: recebeu em janeiro R$ 326 mil.

Pode? Não. Mas cada um dá um jeito de dizer que o salário não é salário, mas verba indenizatória. O limite de salários é só para quem ganha pouco.

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