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Augusto Nunes

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Homens não são mulheres com defeito

É preciso parar com a ideia bizarra de que basta "castrá-los" para que sejam dóceis, obedientes e respeitadores

Por Ana Paula Henkel
Atualizado em 30 jul 2020, 20h01 - Publicado em 18 jan 2019, 17h40

Ana Paula Henkel (publicado no Estadão)

Como meus queridos leitores sabem, passei o último ano tentando trazer um pouco de racionalidade para o debate sobre transsexuais no esporte. A invasão de homens biológicos nos esportes femininos não é apenas errado, é um ataque frontal e um desrespeito inaceitável às mulheres, algo tão óbvio que a própria discussão é, em si, ultrajante. Agora é a vez de sair em defesa dos homens.

A polêmica da semana por aqui na América é o comercial de TV da Gillette, a famosa fabricante de lâminas e produtos de limpeza da gigante Procter & Gamble, que resolveu atacar o que, imagina, é a atitude padrão dos homens: estuprar, assediar e agredir, entre outros crimes indefensáveis. Entre outras narrativas absurdas apresentadas no comercial, a empresa propõe a todos os homens “barbear sua masculinidade tóxica”! A mudança estaria começando agora com os movimentos feministas radicais, como o “Me Too”, o mesmo que demorou vinte anos pra levantar dos sofás das produtoras de Hollywood, já que nunca teria ocorrido a ninguém na história que estuprar, assediar ou agredir era errado. Obrigada, feministas!

Tente por um minuto imaginar um estuprador vendo uma manifestação de moças de cabelo roxo, algumas usando fantasias de vagina, outras nuas, urinando e urrando nas ruas de uma metrópole ocidental. Alguém sinceramente acha que ele vai parar de estuprar por causa disso? Não custa lembrar que muitas destas manifestações, repletas de celebridades, foram financiadas e incentivadas por Harvey Weinstein, um dos maiores estupradores e assediadores de Hollywood, o mesmo que financiou durante décadas os filmes das moças do tal movimento “Me Too” mencionado acima. O assunto é sério, mas não deixa de ter sua ironia.

Meninos e meninas, evidentemente, possuem qualidades e defeitos e cabe a todos nós, como sempre coube, mostrar os melhores exemplos, educar, disciplinar, colocar limites e orientar. Quando uma corporação cria uma campanha bilionária focando num estereótipo extremo, evidentemente não representativo da grande maioria dos homens que usam seus produtos, ela está sendo, e não há outra palavra para usar, preconceituosa. Um comercial com a mesma ideia sobre mulheres ou qualquer minoria é possível? Você sabe a resposta.

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Vou sempre sair em defesa de homens maravilhosos e honrados como meu pai, meu marido, meu filho e grandes amigos porque sei que são educados demais e ocupados o suficiente para não responderem a mais essa ofensa de certas elites completamente desconectadas da realidade, encapsuladas em seus mundinhos auto-referentes, que ao demonizar os homens acabam por facilitar a vida de estupradores, assediadores e agressores que podem assim alegar que são “homens como todos os outros” e desaparecer na multidão. Se o comportamento abusivo é padrão e natural, como condenar os criminosos por seus crimes? Eles estão apenas “sendo homens”, na lógica perversa e pervertida do extremo-feminismo.

Em vez de vilipendiar a masculinidade, é preciso reforçar o papel histórico dos homens na proteção das mulheres e do lar, na parceria na criação e cuidado com os filhos, e não o uso de espantalhos ideológicos preconceituosos para agradar a sanha de meia dúzia de ativistas enlouquecidas e mal resolvidas. Mesmo como estratégia de negócios, basta uma rápida olhada nas manifestações destas autoproclamadas feministas para ver que não são exatamente o público consumidor preferencial de lâminas para depilação.

Desde que o mundo é mundo, há estupradores, assediadores e agressores, e a maneira de combater estes crimes passa necessariamente pelo trabalho heroico de homens de bem. Um breve estudo comparado das diversas sociedades ao longo da história bastaria para qualquer um concluir que a América contemporânea é, sem qualquer dúvida, o melhor lugar para que mulheres possam viver, trabalhar, estudar, criar os filhos e se realizar plenamente em todos os papéis que sonharem.

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Tenho vergonha, como mulher, por todas as ingratas que não reconhecem isso, as mesmas que costumam relativizar os mesmos crimes em outras culturas onde mulheres não têm nenhuma voz na sociedade. Fica cada dia mais óbvio que o atual feminismo, e os engajados pagadores de pedágio ideológico, tem muito mais raiva dos homens do que amor pelas mulheres.

Se os responsáveis pela campanha publicitária tiveram problemas com homens durante suas vidas, que tomem as devidas providências mas não usem seus recursos quase ilimitados para fazer terapia de grupo nas casas dos milhões de homens que amam, protegem, ajudam e convivem harmoniosamente com as mulheres e nunca fizeram nada por merecer tamanha ofensa.

O comercial, que não passa de uma forçada de barra cafona num impressionante contorcionismo ideológico para tentar emplacar a tese das feministas de Hollywood de que todos os homens são iguais, é apenas mais do mesmo da atual bolha progressista, mais um discurso vazio da geração mais afetada e autoindulgente da história e que só engana trouxas ou desavisados.

Como ouvi recentemente, é preciso parar com a ideia bizarra de que homens são “mulheres com defeito” e basta “castrá-los” para que sejam dóceis, obedientes e respeitadores. Aqui deixo meu beijo carinhoso a todos os homens que foram injustamente atacados por uma peça publicitária pobre e feita apenas para colocar mais verniz na narrativa idiota e inútil do “Mulheres X Homens”. Que nós mulheres sejamos sempre gratas aos bons homens que lutam há séculos por um mundo livre e seguro para todas nós. Foram bons homens que criaram as leis que proíbem os crimes que supostamente incomodam as feministas mais radicais. E eles são a regra, não a exceção.

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