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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Nova novela: corretores agora repudiam inovações no estilo “Uber dos imóveis”

Recebi uma “nota de repúdio” a uma reportagem assinada por mim na edição de 03 de março de 2016. O título da matéria: “O Uber dos imóveis”. Sobre o que era? Como o advento da economia de compartilhamento – a lógica por trás de iniciativas como o Uber e o Airbnb – deve transformar (principalmente em […]

Por Filipe Vilicic
Atualizado em 30 jul 2020, 23h20 - Publicado em 8 mar 2016, 16h10

Recebi uma “nota de repúdio” a uma reportagem assinada por mim na edição de 03 de março de 2016. O título da matéria: “O Uber dos imóveis”. Sobre o que era? Como o advento da economia de compartilhamento – a lógica por trás de iniciativas como o Uber e o Airbnb – deve transformar (principalmente em médio prazo) o mercado imobiliário. No texto, exemplifico com um caso paulistano, do site e aplicativo Quinto Andar, de aluguel de imóveis. E com outros, de companhias internacionais, tanto de investimento, quanto de compra, venda e locação. O objetivo de todas as empreitadas destacadas é diminuir a burocracia do setor, por vezes eliminando atravessadores (como imobiliárias tradicionais e, eventualmente, corretores), para agilizar e baratear transações feitas entre os diretos interessados no negócio (quem vende e quem compra). Convido-o a ler a reportagem, disponível na edição de VEJA acima citada, e também no arquivo digital gratuito desta revista.

Pois essa era uma das previsões do texto:

“Trata-se de um novíssimo modelo de negócios, que, no entanto, veio para demolir o tradicional. Não à toa, aqueles que se veem como inúteis nesse novo mundo saem às ruas para protestar – como os taxistas, que reclamam do Uber em passeatas, reivindicando sua proibição. Não estranhe, portanto, se corretores e donos de imobiliárias começarem a se queixar por aí (…)”

Como preconizado, os corretores reclamaram, na “nota de repúdio”, assinada pelo Creci – PR (o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná). Isso porque, no texto “O Uber dos imóveis” se destaca outra previsão: a de que essa profissão pode se tornar ultrapassada. Isso quando “as tecnologias de inteligência artificial e de levantamento e cruzamento de dados (…) poderão realizar o trabalho (…).”

O Creci – PR se manifestou assim (destaco os principais trechos; com observações, em negrito, abaixo de pontos que exigem explicações):

(no texto) os corretores de imóveis e imobiliárias são descritos como meros aproximadores de partes e dispensáveis nas transações imobiliárias com o advento da economia de compartilhamento.

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A tecnologia chegou no setor imobiliário para somar, trouxe a rapidez e a praticidade, mas de forma alguma substitui o trabalho dos corretores (…) o “Uber dos Imóveis” não dispensa os serviços dos corretores, ao contrario (sic), ela concita a serem seus parceiros e dedica, em seu sítio na internet, um menu exclusivo para atrair corretores (…)”

Em nenhum ponto da reportagem se fala que a Quinto Andar não usa corretores. Pelo contrário, eles são comparados aos motoristas do Uber, parceiros da empresa. O que se faz é uma previsão, de como a profissão pode se tornar dispensável um dia – assim como serão os motoristas profissionais, de qualquer tipo, quando (e se) se popularizarem os carros que se guiam sozinhos pelas ruas.

“(…) Vale lembrar que a  locação não é simplesmente assinar um papel. Antes disso, o locatário precisa conhecer o imóvel, decidir se ele atende às suas necessidades e anseios, verificar se tudo está ou não funcionando, analisar a proposta de preço do aluguel, verificar os termos contratuais (…) e por aí afora (…)”

É justamente esse processo burocrático (hoje, exigido por lei; mas, vale frisar, que é de praxe que legislações não acompanhem o ritmo de inovações do mundo; ocorre o contrário) que tecnologias de economia de compartilhamento podem substituir, aos poucos.

“(…) A locação não é o trabalho dos verdadeiros corretores de imóveis, cuja especialidade é captar e vender. É claro que, eventualmente, podem angariar um imóvel para locação e até agenciá-lo, mas o foco do dia a dia dos corretores de imóveis é o trabalho com vendas. (…) Em um trecho a reportagem assevera: “Como o papel desse profissional tem sua importância reduzida, a comissão, antes de 6%, cai para 1%”.  Os bons profissionais, com certeza, nunca se submeteriam a esse tipo de trabalho. (…)”

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Esse trecho se refere a um caso real, de um site americano (SQFT), que reduz a comissão exatamente nesses valores quando o profissional não precisa interferir em todas as etapas do processo.

“Finalmente, diz a reportagem “O sucesso atraiu um grupo de investidores que neste mês injetou 7 milhões de dólares na empresa” (a Quinto Andar). Ou seja, aproximadamente 28 milhões de reais. Dá para acreditar? Sinceramente, não. (…) Por que um grupo de investidores iria aplicar tal quantia numa startup de serviços, sem nenhuma garantia de resultados? Reflitam!!”

Em muitos pontos são questionados valores, dados em geral, de empresas citadas na reportagem. Pode acreditar: eles são reais. Os 7 milhões de dólares, por exemplo, foram injetados na companhia pelo grupo Kaszek Ventures, que já colocou seu dinheiro em mais de 40 empresas de seis países, em parceria com outros investidores, privados.

Achei justo (com o leitor) compartilhar o “repúdio” dos corretores paranaenses. Assim como pontuar fatos importantes para essa questão. Outro deles: o objetivo da nova economia, fruta desta era em que tudo pode ser digitalizado, é justamente eliminar atravessadores em negócios em que eles podem ser substituídos por tecnologias contemporâneas. Não é a primeira vez que isso ocorre na história – vide a Revolução Industrial, cujas fábricas substituíram diversas formas de trabalho. A boa notícia: quando isso acontece, os indivíduos envolvidos nessas profissões que “ficaram para trás” costumam achar para eles melhores alternativas de vida, mais lucrativas e saudáveis.

Observação final: na semana passada, também me ligaram representantes de grupos de corretores, queixando-se de pontos parecidos. Mostrei-me, como deve ser no jornalismo, disposto a conversar. Entretanto, ainda não houve retorno a essa proposta.

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