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Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Harari: números mostram que influência real nada tem a ver com a virtual

Mesmo com parcos seguidores em redes sociais, o escritor vende milhões de livros. Enquanto isso, youtubers com milhões de fãs não chegam nem perto disso

Por Filipe Vilicic Atualizado em 31 ago 2018, 18h52 - Publicado em 31 ago 2018, 15h32

Li os três livros mais conhecidos (dois já best-sellers, o terceiro foi lançado ontem já com ares de blockbuster, simultaneamente em dezenas de países) de Yuval Noah Harari: Sapiens, Homo Deus e o 21 Lições para o Século 21. Escrevi sobre Homo Deus, entrevistei o historiador israelense e, há pouco, o perfilei, exibindo como se trata do intelectual mais pop do mundo contemporâneo. Porém, só depois disso tudo resolvi procurar e seguir o escritor nas redes sociais. Espantei-me com os números dele em Twitter, Facebook, YouTube, Instagram. Eram bem menores do que eu chutaria e em nada refletem a quantidade de livros que já vendeu. Comecei a refletir sobre.

Aos números de Harari:
Facebook: 64 mil seguidores
Twitter: 59 mil
YouTube: 34 mil
Instagram: perto de 8 mil
Livros vendidos (e aí a conta começa a ficar “estranha”): 12 milhões de exemplares, apenas com Sapiens e Homo Deus

Em paralelo, levantei alguns números de youtubers famosos que publicaram livros. Não vou nomeá-los, para ser justo com os mesmos, visto que eles compartilharam os dados em outras situações, com outras intenções, de forma informal, sem saber que um dia seriam destacados aqui neste blog (as conversas foram para um livro vindouro acerca do tema). Porém, os fãs logo devem saber de quem se trata. Abaixo:

Youtuber 1
Seguidores no YouTube: quase 11 milhões
Facebook: acima de 1,3 milhão
Twitter: quase 120 mil
Instagram: em torno de 540 mil
Livros vendidos: em torno de 10 mil

Ainda sei de youtuber com 3,5 milhões de inscritos no canal que não chegou aos 10 mil exemplares de seu livro. Mesmo aqueles com seus 10 milhões, por vezes 20 milhões de fãs, não costumam ultrapassar (com uma raríssima exceção) as 200 mil unidades de livros.

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Veja bem, 200 mil livros é suntuoso. Não é disso que se trata. Mas compare com os 12 milhões de vendidos de Harari, que tem “apenas” 34 mil inscritos em seu canal de YouTube, ou 54 mil no Twitter.

Esses números me despertam algumas dúvidas. Ainda sem respostas definitivas. Duas delas:

– Será que quem navega pela internet clicando nos joinhas de vídeos, seguindo no Twitter os famosos da vez etc., topa pagar por algo no mundo real, mesmo que algo dessas mesmas celebridades? Talvez em parte, e quando esse “algo” pago apresenta uma real qualidade, não é apenas uma reprodução do que já se tem de graça na internet. Talvez…

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– A influência na internet se reflete na vida real? Perceba que, nos exemplos acima, Harari foi lido por e colaborou para o pensamento de nomes como Barack Obama, Mark Zuckerberg e Bill Gates. Dentre os youtubers citados, a maioria acaba por mexer com a cabeça de adolescentes conectados, sem nem saber o quão isso afeta realmente o presente e o futuro desses fãs no mundo tangível, o offline.

Destaco que sei que cada um tem seu quadrado. Também percebo, e em alguns casos admiro, o sucesso de youtubers, inclusive o financeiro (aposto que um PewDiePie tem fortuna maior, no mínimo algo como equivalente, à de Harari). Sei que os públicos são distintos. Contudo, a grande questão que fica é: até onde é real o impacto do número de seguidores que se tem em uma rede social? A conta fica ainda mais questionável quando se leva em conta que muitos dos chamados “influenciadores digitais”, assim como fazem políticos, são mais seguidos por fakes e bots do que por pessoas que de fato existem.

Como ressaltei, são mais questionamentos, do que afirmações. Contudo, tratam-se de perguntas que devemos nos fazer numa era na qual se estuda se o que acontece e bomba em Twitter, YouTube e afins chega a influenciar até mesmo na escolha do presidente de um país.

Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicicno Facebook e no Instagram.

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